terça-feira, 29 de junho de 2010

Ontem, hoje e amanhã!

Objectivo cumprido!
O que no início do processo era um bicho feio e com poucas hipóteses de sobrevivência, dada a disponibilidade exigida, actualmente, e depois de uma longa caminhada em que as pedras da calçada nem sempre foram nossas camaradas, apresenta-se como uma vitória de todos que para ela contribuíram. Verdade é que apenas estamos no início de um processo, um início saboroso bem sei, mas apenas uma ponto de chegada que, por si, constitui um novo começo não menos assustador.
Sabemos o que se espera de nós, sabemos que nos foi dada uma larga autonomia e que foi deixada nas nossas mãos a capacidade para a aplicar em prol do sucesso educativo e pessoal dos nossos alunos. Vamos acreditar que conseguimos e pensar que talvez não corra tudo bem no primeiro ano, mas que das experiências e, consequente, problematização e ajustamento será possível melhorar e responder às amplas exigências que nos serãos solicitadas.
Milagres? Não há! Trabalho? Muito! O que seria de nós se não tivéssemos oportunidade de nos preparar para a implementação dos programas? Quantas dúvidas teriam ficado por esclarecer? Quantas ideias por partilhar? Quantas soluções por divulgar? Obviamente que ainda não nos sentimos preparados para começar… Talvez, por isso, nos tenham facultado mais um ano para amadurecer ideias, preparar mentalidades e alinhavar trabalho. Mais formação? Concordo! Mas não nos mesmos moldes. Parece-me que surgiu o momento para descer ao terreno e aplicar. Dinamização de projectos; construção de materiais passíveis de desencadear experiências significativas; Operacionalização, na prática, das metodologias preconizadas durante este ano; enfoque na avaliação; partilha, através de um centro de recursos virtual, das boas práticas e dos resultados das mesmas… Sabemos o que fazer, invistamos no “como fazer”. Tal sobrecarga de tarefas não se coaduna com a carga horária dos docentes, como tal, uma solicitação aos formadores no sentido de procurarem, junto da DREF, uma redução na componente lectiva dos formandos que estejam a trabalhar em regime de “turma-piloto” de modo a viabilizar e a aligeirar, se possível, esta tarefa hercúlea.
Como disse Saramago "não tenhamos pressa, mas não percamos tempo" sejamos capazes de gerir este ensinamento com mestria e distinção e o produto no nosso trabalho e dedicação falará por nós.
De mim, resta um até sempre!

Trabalho realizado por Sandra Patrícia Pereira 29/Junho/2010

Auto-avaliação

Vários são os parâmetros de avaliação a que estive sujeita no decurso desta formação. Pareceu-me, assim, que não poderia encerrar este trabalho sem reflectir sobre a minha prestação neste processo. A mesma tem sido feita ao longo dos vários balanços e reflexões, no entanto, será, neste espaço, apresentada de forma sistematizada.
Utilizarei uma escala com classificações de um a cinco de modo a situar o meu desempenho. Mais acrescento que esta avaliação versa sobre o que me foi possível fazer e não sobre o que gostaria de ter feito.

Presencial

• Assiduidade: 5
• Pontualidade: 5
• Participação nos trabalhos de grupo: 4 - Tentei dar sempre o meu contributo para as diferentes tarefas propostas. Partilhei, integrei as ideias dos de mais. Reflecti. Aprendi!
• Organização, apresentação de materiais de formação e partilha dos mesmos: 4 - Muitos foram os materiais elaborados, sendo estes o produto de um trabalho reflectido e ponderado em prol das boas-práticas. Todos os trabalhos foram partilhados com os presentes.

Em linha

• Intervenção: 3 - Considero que a minha participação foi pertinente, contudo, seria expectável que fosse mais representativa e sistemática. Não o consegui fazer uma vez que tive a meu cargo a planificação, dinamização e avaliação de várias actividades, acrescida a todo o trabalho desenvolvido na escola.
• Participação nas actividades constantes no guião: 4 - Participei, com uma qualidade bastante aceitável, nas actividades propostas.
• Qualidade das participações: 4 - Parece-me que a minha participação foi adequada, revestida de correcção formal e pertinência. Partilhei dentro das minhas possibilidades e colaborei sempre que senti que o meu contributo poderia ser um auxílio para os de mais.
• Formonline: 5 – Alcancei a classificação de 100%

Portefólio

• Pesquisa, organização da informação e elaboração de materiais: 3
• Capacidade para mobilizar conhecimentos linguísticos, literários e didácticos relevantes para resolver problemas identificados: 4
• Capacidade para questionar a respectiva prática docente e para encontrar respostas adequadas ao contexto: 4


Gostaria de mencionar que me foi particularmente difícil esta auto-avaliação, uma vez que apenas tivemos um feedback aquando da reflexão sobre o terceiro módulo de formação. Assim, não foi possível beneficiar de todas as potencialidades de um portefólio, não sendo promovido o aperfeiçoamento e a evolução. Acredito que o excesso de trabalho dos formadores não terá permitido o acompanhamento inicialmente previsto, como tal, peço que sejam sensíveis às nossas dificuldades, lacunas e imprecisões.

Breve reflexão sobre as sessões presenciais

As sessões presenciais foram alvo de uma metodologia que nos permitiu familiarizar com os pressupostos teóricos, precedidos de uma forte componente prática e reflexiva. O dinamismo, a participação, a troca de experiências, a partilha de boas práticas, de dúvidas, de anseios e de receios, foram fomentados e estimulados. Os formandos foram encorajados a apresentar os trabalhos desenvolvidos, sendos estes objecto de análise por parte de todos os presentes, estratégia que valorizou todo o processo. Pareceu-me que, não obstante de ter sido uma formação orientada, apoiada e regulada pelos formadores, estes mostraram abertura para flexibilizar a sua acção e para acatar sugestões de todos os envolvidos. Foram momentos agradáveis, capazes de incentivar e de estimular os intervenientes para a mudança de práticas e mentalidades e que, a meu ver, em muito vão contribuir para o sucesso da implementação dos NPPEB. 
A nível pessoal, penso que apresentei uma postura dinâmica e participativa, manifestei a minha opinião, apresentei as minhas sugestões e conclusões e fui capaz de interiorizar as novas concepções veiculadas. Aprendi com os de mais, experimentei propostas, reflecti, avaliei, reformulei.
Um agradecimento especial a todos os formandos seleccionados para esta caminhada, especialmente àqueles que integraram a Turma 4 e com os quais a minha visão da Escola e da função docente amadureceu, tendo repercussões na minha vida pessoal e profissional.

Trabalho realizado por Sandra Patrícia Pereira       29/Junho/2010

Balanço da participação em linha

    A participação nos fóruns foi, desde o início desta formação, um dos elementos a ter em conta no momento da avaliação. Seria expectável que todos pudessem oferecer um contributo para melhorar as práticas, promover a reflexão, partilhar ideias e projectos. No que me respeita, tentei envolver-me nas questões, considerações, dúvidas, anseios e partilhas impulsionadas, tendo, eu própria, sugerido alguns tópicos de análise. Considero, no entanto, que poderia ser mais interventiva e participativa, porém, a escassez de tempo não me permitiu uma maior dedicação. De forma a atenuar um decréscimo na minha actividade online, cuidei de me actualizar face ao conteúdo das novas entradas no fórum, lendo as mensagens dos formandos, as notícias, balanços e esclarecimentos do formador José Carlos e de outros elementos envolvidos no processo. Como mencionei, o tempo não abundou, contudo, não deixei de cumprir os prazos definidos para a entrega das diferentes tarefas. Em suma, penso que cumpri, fazendo o que me foi humanamente possível, os objectivos da formação em linha. Provavelmente esperavam mais, todavia, a minha prestação espelha o que a azáfama deste ano trabalhoso me permitiu fazer.

Trabalho realizado por Sandra Patrícia Pereira    28/Junho/2010 

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Apreciação da sequência didáctica "Alerta Amarelo"

As sequências didácticas, como documento de planificação por excelência, devem ser objecto de reflexão em busca de uma maior viabilidade e funcionalidade deste processo.
 Apresento, como tal, uma apreciação pessoal da sequência Alerta Amarelo disponibilizada para análise e discussão. Mais acrescento que esta reflexão se versa sobre a sequência em si, não contemplando uma análise detalhada sobre o material facultado.
• Globalmente a sequência parece-me bem estruturada, tendo sido alvo de um trabalho pensado e ponderado em prol de um objectivo;
• Considero que o modelo apresentado é extremamente burocrático, complexificando um processo já moroso e que se pretende ver simplificado;
• Não me parece necessária a existência de uma folha de rosto, uma vez que o esquema apresentado poderá ser integrado na folha de apresentação;
• A Apresentação parece-me pertinente uma vez que permite uma visão global da sequência, contudo, deveriam ser apresentados os descritores de desempenho referentes às competências associadas dado que as mesmas são, também, alvo de trabalho explícito e intencional;
• A introdução do Tema Interdisciplinar afigura-se como bastante interessante, dando indicação para a sequência ser trabalhado nos Projectos Curriculares de Turma;
• A Abertura apresenta-se demasiadamente descritiva e não me parece que careça de espaço próprio, podendo ser já tratada como a primeira etapa. Deveria apresentar-se a justificação para a selecção do tema e seria positivo que se estabelecesse, na contextualização, a ligação com a sequência anterior. O tempo previsto não será suficiente para todo o trabalho apontado;
• Na grelha de Abertura dispensa-se a existência das colunas destinadas à divulgação da metodologia de trabalho, uma vez que a mesma é apresentada aquando da contextualização, e do tempo, visto que o mesmo poderia ser referido no cabeçalho da grelha;
• Na fase de Desenvolvimento parece-me que os componentes da grelha estão de acordo com as linhas estruturantes do PPEB, porém, são visíveis algumas incorrecções que passo a elencar:
- a nomenclatura não é a mais correcta (onde se lê “competência de processo”, dever-se-ia ler “competência associada”, dado que tanto estas como a foco são de processo);
- a coluna referente à competência foco poderia ser eliminada, passando esta informação a constar no cabeçalho da grelha;
- na coluna dos Resultados, os mesmos são confundidos com actividades. Esta coluna deveria ser integrada na grelha, mas com o objectivo de apresentar os resultados esperados, aparecendo, como tal, como a última coluna, permitindo o controlo dos desempenhos;
- Os conhecimentos prévios são importantíssimos para o tratamento de uma sequência, uma vez que esta os deve ter por base, apoiando a aprendizagem naquilo que o aluno já sabe e já é capaz de fazer;
- Retiraria, no entanto, a coluna referente aos conhecimentos prévios, mencionando-os na apresentação da sequência;
• A relação entre as competências associadas e a competência foco não é equilibrada, uma vez que a competência foco (que deveria ser a privilegiada) é a menos trabalhada, sendo-lhe dedicados apenas quarenta e cinco minutos num total de duas semanas de sequência. Em termos avaliativos, prevê-se que apenas o porta-voz do grupo seja avaliado nesta competência;
• Devido à parca incidência na competência foco, não é visível o progresso do aluno nos descritores de desempenho associados;
• A competência foco não prevê situações de treino;
• Os descritores de desempenho e os conteúdos associados foram seleccionados com algum critério, no entanto, aparecem mencionados descritores que depois não são solicitados nas propostas anunciadas;
• As actividades são bastante interessantes, diversificadas e motivadoras, passíveis de desencadear experiências significativas, contudo, na sua concepção não é usada a estrutura apresentada nos GIP, não incorporando o guião inicial da actividade;
• Pareceu-me que houve preocupação e brio na selecção e produção dos materiais e recursos, porém, alguns poderiam ser alvo de pequenas reformulações;
• A avaliação não me parece claramente expressa;
• O tempo previsto para a actividade parece-me correcto, uma vez que será trabalhado em articulação com outras áreas do saber.

Trabalho realizado por Sandra Patrícia Pereira   02/Junho/2010

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Reflexão sobre o quarto módulo de formação

Chegado o mês de Maio as expectativas começaram a avolumar-se. Mais um módulo de formação, desta feita encarado com mais naturalidade, talvez por uma serenidade que nos foi facultada pela maior familiaridade com o contexto, os intervenientes e as finalidades. Seria o último encontro de um grupo de trabalho que, ao longo desta caminhada, foi partilhando dúvidas, angústias, vitórias e alguns progressos.
 Sabíamos de antemão, uma vez que os documentos de suporte haviam sido facultados previamente, que este módulo seria um momento de sistematização, de (re)incursão na competência da escrita e de clarificação de conceitos e procedimentos subjacentes à planificação, operacionalização e avaliação de sequências didácticas. Parece-me que esta opção dos formadores se deveu, essencialmente, à complexidade associada à escrita, dependente da necessidade de invocar múltiplas competências e variados mecanismos cognitivos e às visíveis dúvidas, receios e anseios manifestados pela maioria dos formandos na definição de sequências didácticas.

Escrita

                                                                                                       “É preciso sofrer para o leitor ter prazer.”
                                                                                                                                     José Cardoso Pires

Deu-se início aos trabalhos com a visualização e análise de uma entrevista de Mário Crespo a António Lobo Antunes. Considerei a metodologia bastante interessante e profícua uma vez que fomos brindados com “pedacinhos” do mundo complexo e ficcionado do escritor. Permitiu-nos acercar das motivações, receios e preocupações de uma figura cujos ideais e convicções se aproximam das orientações veiculadas pelo Guião de Implementação da Escrita. Foi possível reflectirmos sobre o acto da escrita, valorizar a sua complexidade e compreender que, se não for devidamente acompanhado, poderá postular-se como processo assustadoramente solitário. Compreendemos que, associado à dificuldade de fazer com que o leitor se aperceba das emoções do escritor através das palavras, encontramos um entrave muito maior que é o processo de revisão. Assim, apreendemos que um aperfeiçoamento que pode ser extremamente penoso para um escritor de renome, sê-lo-á muito mais para os nossos alunos.
Imbuídos na dinâmica reflexiva da metodologia, passámos para uma etapa em que nos foram apresentadas algumas orientações sobre a evolução das teorias relacionadas com esta competência. Se durante a década de 70 se pensava que a escrita era resultado de um dom que se desenvolvia por uma transferência automática da leitura e do estudo formal da gramática; os novos pensadores, afirmam que a aprendizagem da escrita, sendo um dos processos mais complexos de aquisição de competências, acompanha a vida do indivíduo, num aprendizado definitivamente inacabado. Se, anteriormente, persistia a crença de que existia uma idade ou um nível curricular em que já se devia ter aprendido a escrever; hoje acredita-se que cada sujeito tem o seu ritmo, os seus conhecimentos, a sua identidade, o seu background. Se a iniciação à redacção de textos consistia na leitura seguida de tarefas de cópia e de ditado; actualmente, considera-se que, antes de escrever, o aluno tem que trabalhar mecanismos que lhe permitam transformar o seu discurso interior, de modo a que consiga minimizar a discrepância entre a emoção e aquilo que dela se consegue traduzir em palavras. Não mais o professor deve assumir a postura de juiz que avalia o produto, sendo-lhe, presentemente, atribuído o papel fundamental de regulador e orientador incumbido de auxiliar os seus alunos a ultrapassar, com mestria, a exigência de um trabalho de escrita.
Como o próprio nome deixa adivinhar, o processo de escrita traduz-se num longo e tortuoso caminho a seguir para atingir uma meta que será, a seu tempo, o início de um novo percurso. Cada produto final figurará como uma gloriosa derrota que confronta o autor com a necessidade utópica de eliminar a distância entre o imperfeito e o ideal. Contrapondo a afirmação anterior, Zoellner considera que os professores “não estão muito interessados naquilo que o aluno está a escrever; estão é muitíssimo interessados naquilo que ele já escreveu”, permanecendo a tónica no produto. O professor continua a ser o centro da revisão e correcção, adoptando comportamentos que levam a que o aluno não interiorize o erro, não prevendo nem fomentando um trabalho sistemático no sentido de o ultrapassar. Bem sei que a escrita é uma forma socialmente valorizada pelas suas potencialidades, impondo-se como uma referência normativa, contudo é fundamental que se criem condições para que os alunos tenham oportunidade de desbloquear processos e procedimentos antes de os ceifar com a normatividade. Com certeza que não poderemos subvalorizar o erro, porém, é essencial que se aprenda a trabalhar com os hábitos dos alunos, acompanhando-os na construção do significado do seu texto, partindo, posteriormente, para o cuidado com a expressão linguística. Numa primeira fase poderemos despertar a criatividade, a capacidade para “saber o que se quer escrever” para, depois, nos focarmos na forma. Postula-se como crucial flexibilizar a norma, atendendo ao estilo pessoal de composição de cada aluno e não ao texto que o professor gostaria de ver escrito. Como vem sido referido, o papel do professor é decisivo. É fundamental que compreendamos que a escrita é uma tarefa iminentemente prática, onde o aluno aprende a escrever, escrevendo; guiado num processo de composição que deve aparecer contextualizado e subordinado a preceitos significativos que permitam desenvolver, adquirir e generalizar regras, normas e procedimentos.
Instrumento de apoio, por excelência, é o Guião de Implementação da Escrita onde podemos conhecer, analisar e avaliar algumas propostas de actividades concebidas segundo as orientações veiculadas pelo novo programa. Reflectir sobre as mesmas poderá permitir uma (re)contextualização das nossas práticas, promovendo uma viragem de página num método que até então nos parecia correcto e que, após o confronto com novas perspectivas ou orientações, se afigura, no meu caso particular, como algo limitador, inibidor e comprometedor do sucesso no desenvolvimento da competência compositiva nos alunos. Como supramencionado, é necessário que o professor seja capaz de aproximar o texto da realidade, demonstrando a sua utilidade e dando-lhe um sentido próprio, repudiando a ideia de que basta escrever para o aprender a fazer.
Acompanhamento é uma das palavras de ordem na nova pedagogia. Não podemos abandonar o aluno perante a folha em branco. Todo o processo de escrita deve ser delineado de modo a que no momento da planificação o autor possua já alguns conhecimentos e tenha tido a oportunidade de formar uma opinião sobre um determinado assunto. A verbalização afigura-se como uma estratégia de pertinência inegável, uma vez que permite ao aluno transformar em palavras os seus sentimentos e pensamentos, confrontando-os com os dos colegas e fazendo com que a imaginação brote a cada contributo. Escrita processual, escrita colaborativa e revisão são, actualmente, as jóias da coroa da competência compositiva.
Acredito que parte da minha actuação se coaduna com o novo texto programático, contudo, começo já a introduzir algumas alterações promovidas pela presente formação, que, paulatinamente, vão dando os seus frutos. Escrevo e tenho bloqueios mentais, por vezes, não sei como transpor para o papel o que me vai na alma e que parece que as palavras não conseguirão traduzir. Experimento as dificuldades dos meus alunos, ensaio soluções, partilho inquietações. Tento transmitir nas aulas que a escrita é um processo extremamente esgotante quer ao nível do intelecto, quer no que ao físico respeita. Repito que para escrever precisamos de 20% de sabedoria e 80% de suor, persisto na ideia de que cada proposta de escrita tem uma finalidade e que cada texto tem por objectivo último ser lido. Tento, dentro do possível, que o aluno se veja como o primeiro leitor do seu texto e que, com as suas capacidades, as opiniões dos colegas e a minha orientação consiga identificar as diferenças entre o texto pretendido e o texto conseguido. Apercebo-me, todavia que, frequentemente, quando trabalhava a revisão, esta tinha como objecto o texto acabado, relegando a revisão do processo para segundo plano. Agora, começo a aventurar-me na dificuldade de rever planos, rascunhos, planos já aperfeiçoados, tentando que os alunos se impliquem na revisão e desencadeiem uma reflexão crítica que permita a sistematização e generalização dos procedimentos implicados. Esta estratégia encontra-se ainda em estado embrionário e, como tal, apenas revi textos colectivamente. Escolho, normalmente, os dois melhores e os piores exemplares, de modo a que, no aperfeiçoamento, os alunos percebam o que conseguem fazer e o que seria expectável que fizessem. Verifico que os alunos vêem as correcções propostas pelos colegas de forma mais positiva do que quando apresentadas por mim, revendo-se nos argumentos e nas sugestões dos companheiros de brincadeira e de estudo. Em suma, ler o que os colegas escreveram, explicar as impressões pessoais causadas por esses textos e ouvir as opiniões dos outros sobre os seus próprios textos são actividades importantes da aula de escrita. Durante os meus parcos anos de experiência, sentia perfeitamente a relutância dos alunos em aperfeiçoarem o seu texto, considerando-o como um processo já terminado e como a melhor versão do seu trabalho. Colocando o enfoque no processo, é perceptível uma maior disponibilidade dos alunos para a reformulação uma vez que encaram o trabalho a aperfeiçoar como uma fase prévia, um esboço do que será o produto final. Percebi, com este módulo de formação que, possivelmente, devo ter gerado algumas frustrações e desilusões nos alunos com os meus “retoques” inflexível e impiedosos que deixavam a folha pintada de vermelho com os códigos de correcção que, em última estância, assassinavam o texto e as expectativas do aluno.
Pertinente é também que o professor seja capaz de flexibilizar o cenário pedagógico criando um ambiente em que os alunos trabalhem na escrita e aprendam a escrever. Segundo Sousa Lima, “a dinamização da oficina de escrita é onde se materializa da forma mais perfeita e acabada todo o trabalho ligado à perspectiva da escrita processual”, sendo profícuo utilizar tudo o que a sociedade letrada nos faculta, estabelecendo uma relação cada vez mais aberta e funcional com as bibliotecas, os centros de recursos, o teatro, o cinema e as restantes expressões artísticas. Laboratórios de escrita ou oficinas da escrita, devem ter por base as três fases dessa competência, assim como a importância do fornecimento ao aluno de indicações precisas e materiais de apoio representativos. Durante a fase de planificação poder-se-á definir o objectivo de comunicação e o tipo de texto, promover-se o levantamento de ideias e potenciar a produção do plano. No momento da primeira textualização poder-se-á disponibilizar material de apoio à escrita, como listas de palavras, expressões, textos...; assim como será proveitoso o apoio na produção textual, colaborando na selecção de vocabulário; na construção frásica, na organização de ideias e na articulação com o plano previamente definido. A revisão continua a ser, para mim, a etapa mais complexa uma vez são poucas as propostas de actividade que lhe atribuem dimensão significativa. As oficinas de escritas favorecem, igualmente, o alargamento dos espaços de escrita, promovendo cenários diferenciados e variados que potencializarão a criatividade e a “vontade de dizer” dos alunos. Por último, mas não menos importante, deverão ser criados contornos que possibilitem a divulgação dos escritos, nomeadamente blogues, jornais de turma e de escola como forma de valorizar as produções dos alunos.

Sequências Didácticas (SD)

 Após as considerações, os trabalhos e as reflexões sobre a competência da Escrita, passámos à clarificação de conceitos no que concerne às Sequências Didácticas. Tal (re)incursão nesta matéria justifica-se pelas dúvidas levantadas após o terceiro módulo de formação, assim como pela alteração de alguns conceitos resultante da constante reflexão sobre as propostas emanadas pelos autores do programa. Tentou-se, com este aperfeiçoamento, revestir as sequências didácticas de maior viabilidade, consagrando-as como o documento, por excelência, que permite a planificação e a operacionalização do programa.
 Confesso que, quando o assunto foi abordado pela primeira vez, me pareceu que tal tarefa seria pouco exequível, contudo, clarificados os conceitos e reponderado o processo de elaboração, encarei com mais ânimo esta missão que, não obstante do investimento que nos requer, se impõe como profícua e capaz de regular e contextualizar as boas práticas. O desenvolvimento integrado das diferentes competências, privilegiando um trabalho estruturado e estruturante de cada competência específica, em contextos pedagógicos capazes de desencadear experiências significativas passíveis de desenvolver as competências, são algumas das vantagens de uma metodologia de trabalho que, numa fase inicial poderá ser muito exigente e extenuante, mas que posteriormente permitirá um trabalho mais proficiente e orientado. Parece-me que será indispensável uma maior colaboração e partilha entre pares, promovendo a criação de bancos de recursos potencialmente significativos e motivadores, capazes de favorecer uma aprendizagem significativa no tratamento dos diversos descritores de desempenho, em prol do cumprimento dos resultados esperados e do desenvolvimento das competências gerais e específicas.
As sequências didácticas impor-se-ão como um conjunto de actividades de ensino e de aprendizagem organizadas a partir dos conhecimentos prévios dos alunos, sendo estes o factor que mais influencia o sucesso na aprendizagem. A avaliação deverá considerar o processo (processual) e o produto, sendo igualmente revestida de cariz formativo e sumativo, assente nos descritores que explicitam o desempenho dos alunos.
 Pensar uma sequência didáctica implica a necessidade de definir uma competência foco que será seleccionada e privilegiada em função dos resultados esperados que se pretendem alcançar. Ser-lhe-ão associadas outras competências que a auxiliam de forma articulada. Estas devem ser alvo de ensino explícito e intencional e definidas de acordo com os descritores de desempenho sobre os quais se pretende actuar. Não mais se poderá planificar atendendo aos conteúdos, uma vez que, com as novas orientações, eles são meros activadores de competências, devendo estar o trabalho centrado nos descritores que nos possibilitarão avaliar a qualidade do desempenho dos alunos. Assim, a sequência, articulando descritores, conteúdos e actividades, surgirá organizada por etapas (actividade ou conjunto de actividades) em que se desenvolve trabalho explícito sobre um ou mais descritores de desempenho de uma competência, funcionando como uma base sólida de conhecimentos declarativos e procedimentais que apoiam as aprendizagens a promover nas etapas seguintes, favorecendo a progressão e complexificação. A divulgação e valorização dos produtos realizados pelos alunos deverão ser, também, um dos pressupostos da elaboração de uma sequência didáctica, revestindo-a de significação e pertinência em si mesma.
 Após o enquadramento teórico, foi proposta a análise, conjunta, da sequência didáctica “Alerta Amarelo”, considerando os elementos mais e menos conseguidos. Dos contributos dos diversos grupos foi possível conhecer opiniões divergentes e partilhar ideias e práticas. Apresentarei, em lugar oportuno (blogue), uma visão crítica sobre este material de estudo. A metodologia afigurou-se-me como enriquecedora, sendo que nos permitiu contactar com uma proposta acabada, cujas potencialidades poderíamos interiorizar e as falhas conseguiríamos identificar, minimizando as imperfeições.
 No seguimento do trabalho supracitado, foi-nos solicitado que revíssemos a sequência didáctica concebida aquando do terceiro módulo de formação, apresentando um recurso que nela fosse evocado. A tarefa foi encarada com entusiasmo, contudo, depressa se percebeu que se afigurava mais complicada a reformulação do que a criação de raiz, até porque as novas concepções apresentadas neste módulo permitiam que fosse feito um trabalho mais estruturado das diferentes competências. Como se tornou apanágio, do trabalho referido resultou a apresentação em plenário seguida dos comentários, sugestões e pequenas considerações. Mais um momento de interacção e de partilha que facultou a distribuição do material elaborado na sessão a todos os que nela participaram, permitindo, desde logo, uma colectânea de propostas passíveis de experimentação, avaliação e reflexão.
 Parece-me que, mais uma vez, esta sessão nos veio alertar para as diferenças existentes entre o programa vigente e o que estamos a estudar, que não sendo divergências que potencializem uma ruptura, favorecem progressos e o trabalho centrado no aluno, nos descritores de desempenho e nos resultados esperados, perseguindo uma complexificação e progressão sustentada que permita ao aluno mobilizar conhecimentos e competências. São alterações que, em parte, eu já vinha impondo nas minhas aulas, mas que necessitava de ver clarificadas e reconhecidas. Parece-me que muito do que agora se apresenta já vinha a ser aplicado, contudo, não o era de forma sistemática, nem era visto com uma prática a privilegiar, mas como uma tentativa de ser inovador. Aos que ainda não faziam, comecem a fazer; aos que já se haviam aventurado, invistam mais!
 É inegável que o conhecimento está em constante evolução e mutação e, como tal, a minha curiosidade é espicaçada a cada módulo de formação. Pouco ou muito, há sempre algo que levo das sessões e que experimento nas aulas, embora saiba que ainda não estamos em momento de implementação, porém, esta fase de experimentação parece-me legitimar tal atitude. São propostas aliciantes e que, de facto, são significativas, motivadoras e com potencialidades confirmadas, no entanto, operacionalizar todo um programa em que as sequências didácticas e as oficinas são rainhas, poderá ser inviabilizado por questões de tempo. Acredito que essa gestão se irá aperfeiçoar através da experimentação, da reflexão e da reformulação.

Trabalho realizado por Sandra Patrícia Pereira      18/Junho/2010

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O dia da morte de Saramago

«Todos os dias têm a sua história, um só minuto levaria anos a contar, o mínimo gesto, o descasque miudinho duma palavra, duma sílaba, dum som, para já não falar dos pensamentos, que é coisa de muito estofo, pensar no que se pensa, ou pensou, ou está pensando, e que pensamento é esse que pensa o outro pensamento, não acabaríamos nunca mais».
                                                                                                                                               José Saramago
E, também ele, não acabará jamais…
Separou-se a alma do corpo, contudo, nunca se desligará o nome do génio.
Como homenagem e em nome de todos os que amam Saramago, faço minhas as palavras de Ana Sofia David:

Perdoem-me os que não gostam da sua escrita de um modo a que me atrevo a chamar de discurso directo livre.
Perdoem-me os que não gostam do seu estilo rebelde, crítico, por vezes quase cruel.
Perdoem-me os que não gostam de se perder nos sonhos de uma passarola,
na sua própria cegueira, nos anos em que morre um poeta.
Perdoem-me os que não acreditam em mudanças e ilhas desconhecidas.
Perdoem-me os que não acreditam em vontades humanas.
Perdoem-me os que não acreditam que a língua é livre quando a literatura é sublime.

Abracem-me os que um dia voaram além do Terreiro do Paço.
Abracem-me os que ouvem música só de ouvir o nome "Blimunda".
Abracem-me os que gritaram comigo "Dá-lhe um barco!".
Abracem-me os que acreditam em alegorias e cavernas.
Abracem-me os que gostariam de entender a imensidão da escrita deste homem.

Que fiquem as horas entre livros no Galveias,
Que fiquem as lutas e conquistas,
Que fiquem as suas palavras e ditos do povo,
Que se façam honras a quem as merece.
                                                                                                        DAVID, Ana Sofia, In http://freezone.pt/

23/Junho/2010

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Balanço das replicações III a VI

Na Escola Básica e Secundária das Lajes do Pico, nos dias 25 de Fevereiro, 4 e 11 de Março e 14 de Junho, realizámos as seguintes sessões de replicação, de duas horas cada: terceira - As Competências da Compreensão do Oral e Expressão Oral; quarta – Anualização; quinta - A Competência Leitura; sexta - Os desafios da Escrita e consequente reflexão, Visualização e Concepção de uma Sequência Didáctica, tendo em conta o produto final - sendo que o acompanhamento continuava a ser feito a partir da disciplina na plataforma Moodle. À semelhança do que já havia acontecido para as duas anteriores, planificámos e preparámos previamente cada uma delas, estabelecendo os objectivos, a metodologia, os recursos e o plano de trabalho a seguir e a distribuir por cada um dos colegas participantes.
 Dos trinta e cinco docentes a nosso cargo, tivemos, em cada sessão, uma assiduidade acima dos 95%, destacando-se com 100% a colega do Núcleo de Educação Especial cujo interesse e empenho foram uma mais-valia para todo o grupo de trabalho.
 Para cada uma das sessões a metodologia foi idêntica – enquadramento teórico em PowerPoint, partilha de ideias e esclarecimento de dúvidas e trabalho prático em pequenos grupos, cuja composição já foi referida na primeira reflexão sobre o acompanhamento. Chegada à meta, podemos concluir que esta foi, sem dúvida, a metodologia adequada a este tipo de replicação uma vez que exigiu o conhecimento do Novo Programa e GIPs, gerou a reflexão e a partilha de experiências.
  Durante todas as sessões, os docentes partilharam experiências, dificuldades, angústias, dúvidas e algumas revoltas sobretudo no que concerne à sobrecarga de trabalho e escassez de tempo. Foi ainda tónica geral o interesse, empenho e entusiasmo de todos em todas as sessões, como provam os trabalhos elaborados e o tempo das sessões que ultrapassou sempre as duas horas previstas, por solicitação dos colegas – os professores trabalham muito e bem, pena é que poucos o reconheçam.
 Balanço geral: terminamos com a certeza do dever cumprido como, aliás, comprova a opinião dos docentes que connosco trabalharam e manifestada no questionário preenchido para o efeito, na última sessão: dos vinte e um presentes, a esmagadora maioria avaliou a Metodologia em 4, sendo a Monitoria igualmente avaliada em 4, por unanimidade.
  Os comentários finais apontam para a necessidade de se manterem encontros pontuais para troca de experiências e práticas, reconhecendo-se a qualidade deste tipo de acções, para o conhecimento efectivo de um programa, mais do que as simples alterações legais.
 Foram sessões trabalhosas e desgastantes em termos emocionais, mas com resultados acima do previsto. No que concerne à equipa de trabalho, houve sempre um entendimento total no delineamento das sessões e no momento da replicação.
Obs.: Os materiais elaborados e todos os trabalhos realizados pelos professores que foram alvo da replicação poderão ser consultados nos nossos portefólios.

Trabalho realizado por Noélia Machado e Sandra Patrícia Pereira  16/Junho/2010

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Trabalho de grupo: proposta de uma sequência didáctica (após 4º módulo)

Adaptação da sequência didáctica elaborada no decorrer do terceiro módulo. A reformulação teve por base as directrizes dadas no quarto módulo de formação.

Trabalho realizado por Sandra Patrícia Pereira e Susana Silveira       21/Maio/2010 

Proposta de sequência didáctica

 - Material elaborado para a sequência, apenas o tópico 6 "Ilha da Ciclópia" (aqui)  (entrem como visitantes)

Trabalho desenvolvidos pelos formandos no decorrer da replicação VI

No âmbito da sessão de replicação VI, solicitámos aos presentes a planificação de algumas sequências didáctica. Todo o trabalho ficou a cargo dos professores que participaram na sessão.

Grupo I
Grupo II
Grupo III
Grupo IV
Grupo V
Grupo VI

Replicação VI - Materiais

Materiais preparados, pelas formandas, para o acompanhamento na escola, tendo em vista a replicação do módulo VI.

Plano de trabalho
Escrita: powerpoint
Sequência Didáctica - powerpoint
Sequência - Carta (exemplo)
Sequência - Dramatização (exemplo)
Proposta de grelha de sequência

Trabalhos realizados por Sandra Patrícia Pereira e Noélia Machado    11/Junho/2010

(baseados no material disponibilizado pelos formadores)

Replicação V - Material

Materiais preparados, pelas formandas, para o acompanhamento na escola, tendo em vista a replicação do módulo V.


Plano de trabalho
Leitura: powerpoint
Texto de apoio
Ficha de análise de um livro do PRL

Trabalhos realizados por Sandra Patrícia Pereira e Noélia Machado                09/Março/2010

(baseados no material disponibilizado pelos formadores)

terça-feira, 27 de abril de 2010

Participação no fórum - divergências na terminologia

Sou professora do 2º ciclo, no entanto, não deixo de me espantar e preocupar com o que foi apresentado pelas colegas. Realmente parece-me contraproducente as ciências e as letras, num momento em que seria expectável uma convergência na terminologia e no espírito dos programas das diferentes áreas académicas, assistirem à criação de um fosso tão expressivo. Parece-me que a articulação horizontal que tanto nos é solicitada não foi tida em conta pelos responsáveis pela elaboração dos novos programas de Português e Matemática, que ironia esta!
Depois de ler os comentários das colegas, folheei o programa de Matemática e a verdade é que as diferenças são notórias e a vida dos professores do 1º ciclo em particular e de todos nós em geral fica mais confusa e dificultada. O espírito dos dois programas é de facto divergente, embora me tenha sentido reconfortada ao perceber que alguns dos pressupostos tidos em conta na formulação do texto programático de Matemática se aproximam do veiculado nos programas de Português, a saber:
- Tentativa de articulação entre os diversos ciclos (na Matemática é visível uma maior relevo a uma articulação com o ciclo anterior);
- Não se trata de um programa de ruptura, procedendo-se apenas ao aperfeiçoamento do anterior, atendendo às novas exigências da sociedade actual;
- Organização programática por ciclo e não por ano;
- Intenção de criar competências para mobilizar os conhecimentos para outras áreas do saber e para a vida em sociedade;
- Necessidade de dotar os alunos de aprendizagens significativas;
- Vê consagrado o princípio da progressão;
- Necessidade de recorrer a metodologias, estratégias e actividades diversificadas e variadas;
- Necessidade de apresentar actividades com pressupostos e resultados claros e bem definidos;
- Valorização da partilha, da reflexão, da discussão e integração em contexto de sala de aula;
- Valorização do papel do professor;
- Valorização do contexto social, geográfico, escolar e académico dos alunos para a definição da articulação vertical.
Bem, espero com estas palavrinhas ter apaziguado a alma daqueles que têm a sua vida dificultada com o desfasamento visível entre os dois programas.
Continuação de um bom trabalho e esperança de dias melhores.

Trabalho realizado por Sandra Patrícia Pereira      24/Abril/2010

domingo, 18 de abril de 2010

Reflexão sobre o terceiro módulo de formação

"Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o Céu, enquanto que as espigas cheias a baixam para a terra."
                                                                                                                                          Leonardo da Vinci

 Janeiro chegou pé ante pé e as dúvidas e expectativas começaram a espreitar timidamente. A vontade de aprender era imensa! Esperava um encontro repleto de discussão, reflexão, opinião, partilha; ingredientes para ajudarem a trabalhar o diamante em bruto que é esta aprendizagem de novas práticas, esta tentativa de questionar as nossas certezas, de nos distanciarmos de nós, de nos reorganizarmos, de crescermos…
As sessões sucedem-se e, cada vez mais, a expressão de Socrates “só sei que nada sei” ganha sentido. Sinto que, à medida que vou adquirindo conhecimentos, a dúvida ganha corpo e avoluma-se. Tantas são as crenças que caem por terra e as ideias que paulatinamente vão reclamando o seu espaço. Que ano este! Que turbilhão de sentimentos e pensamentos! O terceiro módulo de formação não seria excepção e, mais uma vez, chegou o momento de reflectir sobre o legado que nos foi deixado, o presente que construímos e o futuro que preparamos.
A LEITURA…! Que vontade de conhecer mais, de fazer melhor por um prazer que nos permite soltar as amarras e ver para lá do horizonte; que promove o contacto com o mundo, com o longe e o perto, com o novo e o antigo… que nos proporciona o acesso às mundividências e às mundivivências. Assim, o meu gosto pela literatura, por toda uma herança cultural que nos foi deixada nos livros, fazia fervilhar a minha curiosidade! E a vaidade, o orgulho e a satisfação que senti em saber que este programa nos vê como gestores de aprendizagens; nos liberta do óbvio; nos prenda com a possibilidade de perceber os nossos alunos, os seus gostos, os seus interesses, as suas carências; nos permite desformatar as leituras; nos instiga a sermos nós ao serviço dos nossos “pupilos”; nos permite operacionalizar em contexto, articulando, magistralmente, Projecto Educativo de Escola, Projecto Curricular de Escola e Projecto Curricular de Turma.
Dotar a leitura de pertinência, de funcionalidade, de significação, propicia o nascimento do prazer de ler, do gosto por saber e a necessidade de conhecer. Grande é mais esta responsabilidade, esta necessidade de fazer emergir a vontade de ler, ensinar a ler e manter o gosto voluntário de ler. Na minha opinião é esta mesmo a ordem… antes de saber ler é fundamental ensinar a gostar de ouvir ler; é crucial “viciar” a criança, fazer com que sinta a falta da “historinha”; é primordial espicaçar a curiosidade e fazer despertar a vontade de aprender “as letrinhas” para poder ler sozinha. Como tal, o papel dos pais é capital nesta fase de reconhecimento e valorização da leitura. Reside nisto, parece-me, uma das grandes fragilidades com que temos que nos deparar, uma vez que muitas das famílias, umas por negligência outras por desconhecimento, não acompanham convenientemente os seus filhos, não os ensinam a viver com os livros, não lhes possibilitam o acesso rápido e eficaz aos materiais escritos. Quantos dos meus alunos referem que os únicos livros que possuem são precisamente os manuais escolares? Atendendo a esta situação e à necessidade de mudar mentalidades e de criar hábitos desde cedo, delineei, juntamente com outra docente do meu departamento, uma actividade de sensibilização dos pais para a importância da leitura e do livro. Será dinamizada no final do ano lectivo e contará com a presença dos encarregados de educação das nossas turmas que, por um lado, assistirão a uma pequena apresentação do Plano Nacional de Leitura e das propostas que o mesmo apresenta para os pais e a uma breve palestra sobre a pertinência desta competência para o sucesso nas restantes áreas do saber. De seguida serão prendados com algumas leituras dramatizadas, declamações musicadas de pequenos textos, entre outros; sendo que os pais também aceitaram apresentar uma pequena peça de teatro para os filhos; pretendem surpreendê-los e mostrar-lhes que, também para eles, a literatura é uma forma de evasão, de expressão. A ver vamos como corre! Após uma breve exploração do Guião de Implementação do Programa – Leitura verifiquei, com apreço, que iniciativas deste cariz estão perfeitamente legitimadas e enquadradas nas orientações veiculadas pelo novo programa (GIP - Leitura, págs. 39 e 40). A mediação não pode ser no entanto relegada apenas para os elementos que se movimentam no seio familiar. Cada vez mais a união de esforços, o trabalho colaborativo entre a escola e a família deve ser uma realidade pela qual os professores se devem debater.
Ao professor cabe então a tarefa de ensinar, mediar e arbitrar grande parte do contacto com os livros e com a leitura. Uma cultura literária refinada do professor, influencia e determina a cultura literária do aluno. De que vale termos alunos criativos, se não têm cultura? Como refere Joseph Joubert “Quem tem imaginação, mas não tem cultura, possui asas, mas não tem pés.” Logo, estas duas premissas devem aparecer conjugadas sob pena de não trabalharmos para a excelência, para o cidadão completo. O contexto em que o aluno se insere, e que pode ser perfeitamente moldado pelas vivências e práticas escolares, constituirá sempre um dos factores a ter em conta no processo de interacção do leitor com o livro. Cabe ao professor criar experiências de aprendizagem, significativas, desafiadoras e diversificadas, motivando os alunos e conduzindo-os a patamares de maior complexidade e, consequentemente, à eficácia leitora. Ao conviver com uma grande variedade de textos escritos, os alunos interiorizarão múltiplas estruturas textuais, alargando a sua competência discursiva e textual quer do ponto de vista da compreensão como da produção, contudo o texto literário, na sua condição de legado de um vasto património histórico e cultural, nunca deve perder a centralidade na aula de português.
Parece-me que, atendendo aos resultados do estudo PISA, a diversidade textual ainda não está consagrada nas nossas práticas. É notória a tendência que temos para trabalhar textos narrativos, relegando para segundo plano as abordagens aos textos informativos, instrucionais e dramáticos. Confesso que eu própria me revejo em todos que assim têm procedido. Nas minhas aulas nunca deixei de trabalhar várias tipologias textuais, no entanto, o narrativo sempre foi rei. Se trabalho? Claro! Se o faço sempre bem? Nem pensar… Com este aprendizado tantos são os vícios que vou detectando, tantas são as arestas que vou limando! A partir da reflexão e partilha, este momento da minha carreira tem sido acompanhado de algumas dissoluções e novas integrações.
As experiências têm-se sucedido e os alunos têm correspondido de forma muito positiva. A crescente tomada de consciência do papel da leitura na relação com o outro e com o mundo tem revelado que os alunos não são avessos à leitura, consideram-na, por vezes, um processo complexo que, se não for alvo de múltiplas abordagens, se poderá postular como muito penoso. Não mais poderemos pautar a nossa actuação pelo óbvio, pelo convencional, cada vez mais o professor deverá desenvolver a sua criatividade de modo a motivar os alunos, a implicá-los na construção de sentidos e na complexificação do diálogo com as leituras até então realizadas e no alargamento a novas exigências, de modo a aumentar a sua proficiência enquanto leitor crítico.
Verifico que, também na Leitura, o programa não reivindica uma ruptura com os anteriores documentos que norteavam a prática docente, trata-se de um texto de continuidade em que a tónica não está na mudança de actuação, mas sim no reforço do muito que já se faz bem, mas que ainda aparece timidamente nas aulas. O Guião de Implementação do Programa – Leitura é uma mais-valia, uma vez que nos permite delinear actividades e estratégias condizentes com o que figura no texto programático e com o que poderá vir a conduzir os alunos ao sucesso. Duas das tarefas propostas no documento citado despertaram a minha curiosidade imediata, tendo sido implementadas nas minhas turmas de sexto ano, a saber: Roda dos Livros e Círculos de Leitura. As mesmas foram ajustadas à individualidade dos meus alunos, à sua realidade e ao contexto em que se inserem. A Roda dos Livros é uma actividade dinamizada no final de todas as aulas e adoptou o nome de “As escolhas de…”. Para cada aula, um aluno fica incumbido de apresentar uma leitura que lhe agrade: um livro, uma revista, uma proposta sua para o resto da turma. Esta actividade tem sido bastante interessante, uma vez que ninguém melhor do que as crianças para saber o que elas gostam de ler, o que lhes desperta a curiosidade, o que lhes aguça a vontade de ir mais além. Por seu lado, quem apresenta gosta de fazer um brilharete e mostrar a sua mestria na arte de apresentar, gosta de se sentir admirado e reconhecido pelas suas escolhas e pelo seu pendor enigmático e misterioso no momento de cativar a atenção da turma. O Círculo de Leitura foi implementado uma única vez, no entanto foi bastante profícuo. Permitiu atender às características de cada aluno, às suas preferências e ao seu patamar de desenvolvimento, assim como fomentou o espírito de equipa, interajuda e criatividade. Os alunos apropriaram-se da actividade, sentiram-na como sua, propuseram novos papéis. Será sempre uma proposta a repetir, quer pelo valor formativo que lhe reconheço, quer pela motivação e entrega que os alunos manifestaram ao dinamizá-la.
A apresentação de modalidades e processos de leitura diversificados é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento do gosto e da eficácia na leitura, sendo que a biblioteca escolar pode ser de um valor acrescido para a formação de leitores proficientes. Como tal, este tem que ser um espaço dinâmico e vivo em que os alunos sejam chamados a intervir, a fazer, a criar, a partilhar, a reflectir, a mobilizar… É aqui que se encontra uma variedade de recursos que devem ser utilizados em contexto de leitura, quer em actividades orientadas quer em leitura livre e recreativa. Inequivocamente, postula-se como o local de referência em que a leitura se cruza e se fortalece com o recurso às novas tecnologias, às recentes possibilidades que o progresso nos ofereceu e que permitem que o nosso pequeno “mundo” perca fronteiras e desconheça limites, globalizando o conhecimento e a cultura. No Egipto, as bibliotecas eram chamadas ''Tesouro dos remédios da alma''. De facto é nelas que "se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras", como referiu Jacques Bossuet. Também na biblioteca a variedade, a diversidade e a qualidade são palavras de ordem. Penso na biblioteca da minha escola e imagino o longo caminho a percorrer para a equiparmos com sucesso. Para tal, é de reconhecer a pertinência da associação ao Plano Nacional de Leitura e a criação do Plano Regional de Leitura. Estas parcerias serão cruciais, dada a qualidade das actividades propostas, assim como a observância dos critérios a ter em conta para a selecção do corpus textual preconizado pelo Novo Programa de Português e que já se encontra consagrado na selecção das obras que integram estes dois planos. A possibilidade de recorrer a livros digitais é também uma mais-valia para poder confirmar a diversidade e a pluralidade de materiais escritos de qualidade elevada. Espero que possamos trabalhar e que consigamos resultados que nos deixem orgulhosos dos nossos alunos e, consequentemente, de nós.
 Gostaria de terminar a reflexão sobre a competência da leitura com uma afirmação de François Fénelon que parece resumir o meu sentimento “Se em troca do meu amor à leitura me dessem todos os tronos da terra, recusaria sem vacilar”.


Terminados os trabalhos sobre a leitura, passou-se à familiarização e à criação de sequências didácticas. Parece-me que o tempo destinado a este momento da formação foi escasso, uma vez que não permitiu o tratamento mais profundo de um documento revestido de tanta importância no seio do novo programa e que nos permitirá planificar e uma forma mais precisa e concreta. Muitas são as dúvidas que ainda persistem e espero poder esclarecê-las no próximo módulo. Não me parece profícuo deixar pontas soltas no processo que nos permitirá atingir uma menor dispersão, que nos possibilitará trabalhar as competências em articulação, consagrando-lhes um espaço próprio, ora focando uma ora focando outra, num registo de complexificação e progressão. A competência foco, definida pelo produto final, será auxiliada pelas competências associadas que permitirão um trabalho sistematizado e proficiente. Abandonando o ensino centrado nos conteúdos, enaltecendo os descritores de desempenho e o saber-fazer, necessitamos de ver cada sequência como o ponto de partida para uma outra de modo a seguirmos uma lógica assente em patamares de desenvolvimento em que mais importante do que aquilo que pretendemos ensinar é aquilo que queremos que o aluno seja capaz de fazer. Tal como a leitura se alimenta de outras leituras, também as sequências se alimentarão de outras sequências e o nosso cansaço se alimentará dos resultados atingidos. Não será fácil mudar mentalidades, contudo acredito que o facto da minha formação enquanto professora preconizar o ensino pelas competências me permita olhar em frente e facilite a aceitação das mudanças que também ajudarei a vingar. A minha curiosidade tem-me levado a pensar em várias sequências e a experimentá-las com os meus alunos. Algumas delas têm sido bastante pertinentes e revestidas de funcionalidade, noutras, porém, verificou-se alguma falta de sustentabilidade e eficácia. Tenho reflectido e preocupa-me esta minha limitação, uma vez que o novo programa não se compadece com redundâncias; continuarei, assim, a perseguir uma prática que postule a pertinência e a funcionalidade na organização dos documentos de planificação e, consequentemente, na execução e avaliação das actividades delineadas.
Muitas inquietações nos esperam, muito trabalho nos aguarda, no entanto, acredito que o segredo consiste em compreender que o tempo dedicado ao trabalho nunca é perdido, mas sim rentabilizado em prol da evolução e de progressos capazes de nos fazer reavaliar e reformular as nossas práticas.

Trabalho realizado por Sandra Patrícia Pereira  16/Abril/2010

sexta-feira, 5 de março de 2010

Replicação IV - Material

Materiais preparados, pelas formandas, para o acompanhamento na escola, tendo em vista a replicação do módulo IV.


Plano de trabalho

Anualização: powerpoint

Trabalhos realizados por Sandra Patrícia Pereira e Noélia Machado   20/Março/2010

(baseados no material disponibilizado pelos formadores)

segunda-feira, 1 de março de 2010

Trabalho de grupo: proposta de uma sequência didáctica

No decorrer do terceiro módulo de formação foi-nos pedido que elaborássemos uma proposta de sequência didáctica, atendendo a três possiveis produtos finais (carta, entrevista, dramatização). Considerando que o texto dramático tinha, até então, pouca expressão nas nossas aulas, optámos por pensar uma sequência para a dramatização de um excerto da obra Ulisses.

Proposta de sequência didáctica

Trabalho realizado por Sandra Patrícia Pereira e Susana Silveira   29/Janeiro/2010

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Replicação III - Materiais

Materiais produzidos para o acompanhamento na Replicação III


Plano de trabalho
Mais um powerpoint sobre as competências Compreensão do Oral e Expressão Oral
Lenda "Estrela de Água"
Grelha de planificação

Trabalhos realizados por Sandra Patrícia Pereira e Noélia Machado 19/Fevereiro/2010

(baseados no material disponibilizado pelos formadores)

Reflexão sobre as sessões de replicação I e II

Na Escola Básica e Secundária das Lajes do Pico iniciámos as sessões de replicação no dia 14 de Janeiro, sendo que o acompanhamento estava já a ser feito a partir da criação de uma disciplina na plataforma moddle que nos permitiu divulgar algum material (programa) ou endereços úteis (DGIDC, PNL, DT) a quem estivesse interessado. Planificámos convenientemente a reunião, estabelecendo os objectivos previstos, a metodologia a adoptar, os recursos a utilizar e o plano de trabalho a seguir.
Atendendo às directrizes dadas e à filosofia subjacente ao texto programático, decidimos que as sessões de replicação seriam ministradas para os três ciclos em simultâneo, permitindo que, tal como nós, os presentes fossem capazes de experimentar as benesses de conhecer o ensino básico como um todo em que o contínuo e a progressão são palavras de ordem, como já o são no programa vigente. Mas quem teve preparação aquando da implementação desse programa? Ninguém. Quanto lutámos por ela? Muito. E não é que fomos ouvidos!
Assim, temos a nosso cargo trinta e cinco docentes ansiosos, receosos, na expectativa e com vontade de saber mais. Gostaríamos de referir o interesse de uma professora do Núcleo de Educação Especial que nos abordou no sentido de poder participar nestas reuniões, visto dar apoio, dentro da sala de aula, a alunos que irão ser alvo deste programa.
Começámos por aguçar o apetite ao fazer um enquadramento teórico, debruçando-nos sobre a contextualização, fundamentos, conceitos-chave, organização e potencialidade do novo Programa de Português para o Ensino Básico. Os colegas mostraram-se interessados e interventivos, tentando clarificar algumas dúvidas e expondo alguns receios. Passámos, então, à segunda parte da sessão onde considerámos pertinente fazer uma “viagem” mesmo que rápida, por todas as competências. Foi nosso objectivo que os presentes ficassem com uma ideia geral do que o programa nos pedia e do que seria de esperar deste professor gestor de aprendizagens. Os resultados esperados foram o aspecto que mais alarido causou. “Isto é para o segundo ciclo? Como eu gostava que os meus alunos do secundário soubessem fazer isso…” foi dos comentários mais ouvidos. Deparámos com uma resistência inicial, com aquele sentimento de que o nosso trabalho está a ser posto em causa, mas paulatinamente, começámos a perceber que o interesse ia crescendo e que se trocavam ideias sobre estratégias para operacionalizar o programa. Mantivemos, contudo, um resistente, um descrente no sistema, em suma, alguém que vai exigir mais do nós!
Bastante informação numa intervenção mais teórica em que quisemos “dar a conhecer”, mas também aferir as opiniões dos intervenientes. Contudo, atendendo a que só se aprende a fazer, fazendo, agendámos nova reunião para a semana seguinte e, desta vez, para arregaçar a mangas e pôr mãos ao trabalho. Claro que tínhamos, antes até da primeira sessão, pedido para que todos lessem o programa, no entanto, assoberbados de trabalho, a maior parte nem sequer tinha olhado mais de duas vezes para ele… Já estávamos à espera disso! Como tal, preparámos um trabalho prático para este momento do acompanhamento. Dividimos os grupos de modo a ter docentes de todos os ciclos e munimos cada grupo de 3 guiões de análise do programa. Consideramos interessante que houvesse questões diferentes para os grupos e, deste modo, elaboramos duas hipóteses para cada ciclo. Como tal, foi possível abarcar um maior número de questões e as apresentações foram mais interessantes e profícuas. Foi notório o empenho e entusiasmo com que a actividade foi encarada. Queríamos dar por terminada a sessão, mas os presentes continuavam a trabalhar com afinco. Foi “prazeiroso” assistir e confesso que não estava à espera que tal acontecesse, especialmente, no final de um dia de trabalho. Até o mais descrente dos colegas nos abordou já com outras ideias… Alguns dos presentes, referiram que se não tivéssemos proposto tal actividade só iriam ler rigorosamente o programa quando tivesse mesmo que ser (aquando da sua implementação) e que só iriam consultar o que se referia ao seu ciclo, mesmo sabendo que contrariariam o espírito do documento. Sentiam-se, assim, satisfeitos por já conhecerem um pouco daquilo que o futuro lhes reserva. Só por isto já foi bom!
Tendo por base a metodologia que estamos a utilizar: exposição (teórica, partilha de práticas, opiniões) - trabalho prático – conclusões, foi-nos possível aferir que as solicitações ou dúvidas que os colegas colocaram se prendiam essencialmente com:
- a dificuldade em ajustar o programa aos diferentes contextos onde se irá desenvolver a implementação do mesmo;
- a dificuldade na correcta distribuição dos conteúdos de modo a valorizar a progressão;
- o facto da operacionalização do CEL dificultada pela extensão dos conteúdos e a exigência dos resultados esperados;
- a dificuldade de implementar o programa em turmas do primeiro ciclo com mais do que um nível de ensino;
- a importância de participarem nestas reuniões os educadores de infância, uma vez que estão na base de todo o processo de ensino-aprendizagem.

Balanço geral: Foram duas sessões trabalhosas e desgastantes em termos emocionais, mas com resultados acima do previsto. Consideramos que a equipa de trabalho tem funcionado bem, havendo um entendimento total no delineamento das sessões e no momento da replicação. Em termos pessoais, sentimos dificuldade em transmitir tudo o que “bebemos” das sessões presenciais com os formadores. Adaptamos, estabelecendo prioridades, contudo, parece que queremos dizer sempre mais qualquer coisinha…

Obs.: Os materiais elaborados e todos os trabalhos realizados pelos professores que estão a ser alvo da replicação poderão ser consultados neste portefólio.


Trabalhos realizados por Sandra Patrícia Pereira e Noélia Machado 20/Fevereiro/2010

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Trabalhos sobre organização programática realizados pelos professores que frequentam a replicação

 Estes trabalhos foram realizados pelos colegas que estão a receber a replicação com base nos guiões que lhes foram apresentados e que constam nos materiais elaborados para sessão de replicação II.

Grupo I 
Grupo II 
Grupo III
Grupo IV 
Grupo V1
Grupo V2 
Grupo V3 
Grupo VI

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Replicação II - Materiais

Materiais preparados, pelas formandas, para o acompanhamento na escola, tendo em vista a replicação do módulo II.


Plano de trabalho
Grupos
Guião de análise 1º Ciclo (a)
Guião de análise 1º Ciclo (b)
Guião de análise 2º Ciclo (a)
Guião de análise 2º Ciclo (b)
Guião de análise 3º Ciclo

Trabalhos realizados por Sandra Patrícia Pereira e Noélia Machado 16/Janeiro/2010

(baseados no material disponibilizado pelos formadores)

Replicação I - Materiais

Materiais preparados, pelas formandas, para o acompanhamento na escola, tendo em vista a replicação do módulo I.


Acta nº1
Plano de trabalho
Contextualização do NPPEB
Leitura
Compreensão do Oral e Expressão Oral
Escrita
Conhecimento Explícito da Língua

Trabalhos realizados por Sandra Patrícia Pereira e Noélia Machado 05/Janeiro/2010

(baseados no material disponibilizado pelos formadores)

domingo, 24 de janeiro de 2010

Reflexão sobre o 2º módulo de formação

                                                 "Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
                                                                                                                                        Fernando Pessoa

 Com as diversas pedras que vão surgindo no caminho, o castelo vai ser majestoso e vai espelhar o trilho percorrido, as vicissitudes, as conquistas, a capacidade de mudança, enfim, a essência de ser professor! Estarei eu à altura? Espero que sim… no entanto, quanto mais aprendo, mais me apercebo do pouco que sei!
 E tantas são as “pedras” que são arrastadas por este Novo Programa de Português para o Ensino Básico. Múltiplas alterações implícitas; o apelo a uma capacidade grandiosa de nos adaptarmos às novas realidades educativas, sociais e conjunturais; complexas alterações que desafiam a nossa flexibilidade e maleabilidade.
Um mês volvido sobre o primeiro módulo, Novembro encerrava em si um misto de entusiasmo e de expectativa… Vários sentimentos tinham sido despertados no período que mediou os dois módulos, os pressupostos do programa começavam paulatinamente a intrometer-se nas minhas conversas e na minha prática, diversas opiniões começavam a ganhar consistência e as dúvidas avolumavam-se. O que esperar deste módulo?
 Esperava aprender; perceber melhor como iria operacionalizar as directrizes e os princípios orientadores veiculados pelo texto programático; entender como faria a ponte entre “o que fazer?” para o “como o fazer?”. Muitas pretensões para apenas dois dias de formação, bem sei…
 Vinte e seis de Novembro, nove da manhã, e a confrontação com a realidade: todos tínhamos dúvidas; todos queríamos mais e mais; todos sofríamos dos mesmos males e das mesmas alegrias. Como tal, as formadoras (talvez porque perceberam a nossa ansiedade) permitiram-nos uns momentos de partilha de experiências, de opiniões, de receios e anseios o que, a meu ver, em muito aligeirou o ambiente, dando o mote para uma formação mais activa, mais participada, mais consentânea com o paradigma reflexão-acção.
 Nesta sessão foi-nos permitido reflectir sobre algumas propostas de exploração didáctica das competências do Oral, do Conhecimento Explícito da Língua e da Escrita. Atendendo a todo o formalismo que deve ser considerado aquando do tratamento do oral, não poderíamos ter começado melhor. Foi-nos proposto delinear, em pequeno grupo, uma actividade de CEL decorrente da exploração da competência Compreensão do Oral. Todos os trabalhos tiveram por base a análise da lenda Tupi “Estrela de Água”, sendo que, a cada grupo, foi dada a liberdade de didactização e de selecção do descritor de desempenho a trabalhar. A metodologia revelou-se profícua no momento da apresentação dos trabalhos em plenário, uma vez que foram exploradas várias soluções, apresentadas várias sugestões de actividades, espelhando a pluralidade de abordagens subjacentes a um conteúdo, competência ou descritor. Reflectiu, igualmente, a realidade que pode ser o princípio da progressão e complexificação que tão preconizado é pelo NPPEB, uma vez que um mesmo suporte áudio, pôde ser trabalhado nos três ciclos, obedecendo a sua análise às capacidades já evidenciadas pelos alunos e aos resultados que se visam atingir com esta experiência de aprendizagem. Foi possível verificar que da defesa dos trabalhos, da definição do seus pontos fortes e também, sempre que se justificou, das suas fragilidades, reiterámos, reformulamos ou abandonamos opiniões que nos eram próprias e que pautavam a nossa prática. Compreendemos, a partir da nossa acção, que muitas vezes relegamos a compreensão do oral para segundo plano, que facilmente abandonamos a oralidade e nos voltamos para o suporte escrito e que, quando bem orientado, o aluno consegue desenvolver uma panóplia de exercícios decorrentes da audição.
Deste momento da sessão, retirei, igualmente, que no tratamento do CEL, é fundamental criar a necessidade de aprender, uma vez que esta competência deve assentar num conhecimento que os alunos possuem implícita e inconscientemente e que se pretende que se transforme gradualmente num conhecimento explícito, na medida em que o aluno deverá, progressivamente, ser capaz de explicitar regras e procedimentos da língua no âmbito da sua expressão oral e escrita. A necessidade de prever, na programação, o reinvestimento do CEL nas outras competências; a importância do trabalho oficinal e laboratorial com ênfase no trabalho pela descoberta, com planificação, observação e descrição de dados, incluindo a formulação de hipóteses e a testagem com novos dados, sem esquecer a sistematização e o treino, de modo a finalizar com a avaliação do processo e do produto foram também premissas cujo resultado prático me foi permitido testar. Não que estes sejam conceitos para mim desconhecidos, contudo, nem sempre a minha prática os traduz. Muito poderia dizer a meu favor: o tempo que este tipo de metodologia requer, a preguiça dos alunos que cada vez mais estão habituados a que pensemos por eles; o deficiente apetrechamento das salas de aula; a extensão dos programas; enfim… Mas talvez nenhuma delas reflicta, efectivamente, a verdadeira razão. Penso que a minha prática é, por vezes, condicionada pela necessidade de “mostrar trabalho”, de levar os alunos por um caminho que lhes permita a obtenção de melhores resultados nos momentos de avaliação externa, mesmo que, na maior parte das vezes, esse trabalho se postule como bastante redutor, na medida em que se trabalha os conhecimentos em prol das competências. Já experimentei actuar com base nos princípios e nos pressupostos que este novo programa vem agora consagrar. Os resultados foram animadores, os alunos demonstraram ser capazes de mobilizar as competências para situações de uso diário, contudo, os resultados apresentados nas PASEs ou Exames Nacionais nem sempre testemunharam essa mesma proficiência. Entretanto, tenho desenvolvido o meu trabalho atendendo a uma lógica de equilíbrio, em que ora são privilegiadas as competências ora são favorecidos os conteúdos. Encontro-me ainda, como é visível, num momento de definição de linhas de acção, de afirmação do meu método. Será que já deveria ter passado para outro patamar? Às vezes penso que sim, mas outras vezes ouço a voz da razão dizer que a resposta para as minhas dúvidas decorrerá da experimentação e da reflexão. Penso que sete anos de serviço ainda deixam margem para muitas hesitações e reformulações. Será que algum dia chegarei ao método certo? Será que existe? Se calhar procuro o impossível… talvez essa adequação dependa de cada contexto, da matéria-prima… Talvez nunca encontre o que procuro, no entanto, acredito que vou crescendo e aprendendo nessa busca.
Voltando agora à formação: a competência do Conhecimento Explícito da Língua aparece, agora, apoiada numa nova terminologia que muito me tem preocupado. Apercebo-me que tenho tanto para (re)aprender! Agradou-me, como tal, a exploração que foi feita de alguns conceitos que incorporam o Dicionário Terminológico e que, em muito, contribuiu para desmistificar a noção de “novidade” que está normalmente associada a este documento. A ver vamos!...
 A competência da Escrita teve, do mesmo modo, o seu tratamento assegurado neste módulo, reiterando-se o princípio de que o ensino da escrita tem de ser explícito, sistemático e supervisionado, sendo fulcral variar ao nível dos contextos, das tarefas a desenvolver, dos destinatários, das técnicas e das estratégias. Reforcei a minha consciencialização da importância das três fases da escrita como partes de um processo que conduz a um todo unificado. Tinha a ideia de que não precisava de trabalhar todas as etapas sempre que fazia um texto e trabalhava de acordo com esta convicção. Depois desta sessão, apercebi-me que é um erro tentar rever todas as falhas de um texto sob pena da atenção dos alunos se dispersar por múltiplas questões não apreendendo concretamente nenhuma delas. Experimentei, na semana que se seguiu ao 2º módulo, apresentar uma actividade de aperfeiçoamento de texto a uma das minhas turmas de sexto ano. Depois de lido o texto em questão, inquiri os alunos sobre os aspectos que poderiam ser melhorados, fazendo uma listagem; de seguida, tentamos, em grande grupo, perceber quais dos aspectos apontados poderiam contribuir, de forma mais efectiva, para uma revisão que melhorasse substancialmente o produto final. Seleccionámos o recurso excessivo à expressão “e depois” e a deficiente ou mesmo incorrecta utilização ou omissão da vírgula. A partir desta revisão foi-me possível abordar estes dois conteúdos, parecendo-me que os alunos apropriaram-se, pela acção, pela manipulação, das correcções feitas. Espantaram-se, referindo que o produto final ainda continha imperfeições, mas compreenderam que “Roma e Pavia não se fizeram num dia” e que com treino e afinco iriam aprender a escrever, escrevendo. Pareceu-me que esta metodologia foi revestida de maior significação e pertinência. A Escrita é, sem dúvida, um processo para o qual são requeridas várias competências, sendo assim uma das áreas estruturantes da Língua Portuguesa em que os alunos evidenciam maiores lacunas. Como tal, vamos ensiná-los a falar, vamos apresentar-lhes a Língua e depois, talvez seja mais fácil e gratificante vê-los escrever.
 Balanço final: alguns progressos, ainda muito para aprender, uma vida para o fazer!

Trabalho realizado por Sandra Patrícia Pereira  15/Dezembro/2009


sábado, 2 de janeiro de 2010

Balanço da participação nos fóruns - Novembro e Dezembro

A minha participação nos fóruns tem ficado aquém do desejado essencialmente por falta de disponibilidade da minha parte, no entanto, conto participar com maior regularidade de forma a corresponder aos objectivos traçados. Não deixei, contudo, de dar a minha contribuição, cooperando em sete dos temas lançados pelos colegas, a saber: “A explorar a oralidade; TIC e avaliação de competências; As dificuldades dos alunos na produção de textos; Autores Açorianos / Obras que versem temas açorianos e Partilha de material”. Mais acrescento que este último foi sugerido por mim na tentativa de manter o espírito de inter-ajuda anteriormente revelado pelos formandos. Foi do meu agrado verificar que muitas têm sido as entradas neste espaço, sendo a plataforma um espaço de partilhas de ideias, experiências, convicções e, também, materiais. Só assim a prática docente faz sentido, só através da partilha conseguiremos dar resposta à pluralidade de exigências que pautam o papel do professor de Português nos novos programas.
Embora, a minha participação se tenha cingido ao supracitado, devo mencionar que tenho lido todas as intervenções e reflectido a propósito das mesmas. Sei, contudo, que se espera uma atitude mais participativa da minha parte, ao que tentarei corresponder.

Trabalho realizado por Sandra Patrícia Pereira  18/Janeiro/2010