terça-feira, 29 de junho de 2010

Ontem, hoje e amanhã!

Objectivo cumprido!
O que no início do processo era um bicho feio e com poucas hipóteses de sobrevivência, dada a disponibilidade exigida, actualmente, e depois de uma longa caminhada em que as pedras da calçada nem sempre foram nossas camaradas, apresenta-se como uma vitória de todos que para ela contribuíram. Verdade é que apenas estamos no início de um processo, um início saboroso bem sei, mas apenas uma ponto de chegada que, por si, constitui um novo começo não menos assustador.
Sabemos o que se espera de nós, sabemos que nos foi dada uma larga autonomia e que foi deixada nas nossas mãos a capacidade para a aplicar em prol do sucesso educativo e pessoal dos nossos alunos. Vamos acreditar que conseguimos e pensar que talvez não corra tudo bem no primeiro ano, mas que das experiências e, consequente, problematização e ajustamento será possível melhorar e responder às amplas exigências que nos serãos solicitadas.
Milagres? Não há! Trabalho? Muito! O que seria de nós se não tivéssemos oportunidade de nos preparar para a implementação dos programas? Quantas dúvidas teriam ficado por esclarecer? Quantas ideias por partilhar? Quantas soluções por divulgar? Obviamente que ainda não nos sentimos preparados para começar… Talvez, por isso, nos tenham facultado mais um ano para amadurecer ideias, preparar mentalidades e alinhavar trabalho. Mais formação? Concordo! Mas não nos mesmos moldes. Parece-me que surgiu o momento para descer ao terreno e aplicar. Dinamização de projectos; construção de materiais passíveis de desencadear experiências significativas; Operacionalização, na prática, das metodologias preconizadas durante este ano; enfoque na avaliação; partilha, através de um centro de recursos virtual, das boas práticas e dos resultados das mesmas… Sabemos o que fazer, invistamos no “como fazer”. Tal sobrecarga de tarefas não se coaduna com a carga horária dos docentes, como tal, uma solicitação aos formadores no sentido de procurarem, junto da DREF, uma redução na componente lectiva dos formandos que estejam a trabalhar em regime de “turma-piloto” de modo a viabilizar e a aligeirar, se possível, esta tarefa hercúlea.
Como disse Saramago "não tenhamos pressa, mas não percamos tempo" sejamos capazes de gerir este ensinamento com mestria e distinção e o produto no nosso trabalho e dedicação falará por nós.
De mim, resta um até sempre!

Trabalho realizado por Sandra Patrícia Pereira 29/Junho/2010

Auto-avaliação

Vários são os parâmetros de avaliação a que estive sujeita no decurso desta formação. Pareceu-me, assim, que não poderia encerrar este trabalho sem reflectir sobre a minha prestação neste processo. A mesma tem sido feita ao longo dos vários balanços e reflexões, no entanto, será, neste espaço, apresentada de forma sistematizada.
Utilizarei uma escala com classificações de um a cinco de modo a situar o meu desempenho. Mais acrescento que esta avaliação versa sobre o que me foi possível fazer e não sobre o que gostaria de ter feito.

Presencial

• Assiduidade: 5
• Pontualidade: 5
• Participação nos trabalhos de grupo: 4 - Tentei dar sempre o meu contributo para as diferentes tarefas propostas. Partilhei, integrei as ideias dos de mais. Reflecti. Aprendi!
• Organização, apresentação de materiais de formação e partilha dos mesmos: 4 - Muitos foram os materiais elaborados, sendo estes o produto de um trabalho reflectido e ponderado em prol das boas-práticas. Todos os trabalhos foram partilhados com os presentes.

Em linha

• Intervenção: 3 - Considero que a minha participação foi pertinente, contudo, seria expectável que fosse mais representativa e sistemática. Não o consegui fazer uma vez que tive a meu cargo a planificação, dinamização e avaliação de várias actividades, acrescida a todo o trabalho desenvolvido na escola.
• Participação nas actividades constantes no guião: 4 - Participei, com uma qualidade bastante aceitável, nas actividades propostas.
• Qualidade das participações: 4 - Parece-me que a minha participação foi adequada, revestida de correcção formal e pertinência. Partilhei dentro das minhas possibilidades e colaborei sempre que senti que o meu contributo poderia ser um auxílio para os de mais.
• Formonline: 5 – Alcancei a classificação de 100%

Portefólio

• Pesquisa, organização da informação e elaboração de materiais: 3
• Capacidade para mobilizar conhecimentos linguísticos, literários e didácticos relevantes para resolver problemas identificados: 4
• Capacidade para questionar a respectiva prática docente e para encontrar respostas adequadas ao contexto: 4


Gostaria de mencionar que me foi particularmente difícil esta auto-avaliação, uma vez que apenas tivemos um feedback aquando da reflexão sobre o terceiro módulo de formação. Assim, não foi possível beneficiar de todas as potencialidades de um portefólio, não sendo promovido o aperfeiçoamento e a evolução. Acredito que o excesso de trabalho dos formadores não terá permitido o acompanhamento inicialmente previsto, como tal, peço que sejam sensíveis às nossas dificuldades, lacunas e imprecisões.

Breve reflexão sobre as sessões presenciais

As sessões presenciais foram alvo de uma metodologia que nos permitiu familiarizar com os pressupostos teóricos, precedidos de uma forte componente prática e reflexiva. O dinamismo, a participação, a troca de experiências, a partilha de boas práticas, de dúvidas, de anseios e de receios, foram fomentados e estimulados. Os formandos foram encorajados a apresentar os trabalhos desenvolvidos, sendos estes objecto de análise por parte de todos os presentes, estratégia que valorizou todo o processo. Pareceu-me que, não obstante de ter sido uma formação orientada, apoiada e regulada pelos formadores, estes mostraram abertura para flexibilizar a sua acção e para acatar sugestões de todos os envolvidos. Foram momentos agradáveis, capazes de incentivar e de estimular os intervenientes para a mudança de práticas e mentalidades e que, a meu ver, em muito vão contribuir para o sucesso da implementação dos NPPEB. 
A nível pessoal, penso que apresentei uma postura dinâmica e participativa, manifestei a minha opinião, apresentei as minhas sugestões e conclusões e fui capaz de interiorizar as novas concepções veiculadas. Aprendi com os de mais, experimentei propostas, reflecti, avaliei, reformulei.
Um agradecimento especial a todos os formandos seleccionados para esta caminhada, especialmente àqueles que integraram a Turma 4 e com os quais a minha visão da Escola e da função docente amadureceu, tendo repercussões na minha vida pessoal e profissional.

Trabalho realizado por Sandra Patrícia Pereira       29/Junho/2010

Balanço da participação em linha

    A participação nos fóruns foi, desde o início desta formação, um dos elementos a ter em conta no momento da avaliação. Seria expectável que todos pudessem oferecer um contributo para melhorar as práticas, promover a reflexão, partilhar ideias e projectos. No que me respeita, tentei envolver-me nas questões, considerações, dúvidas, anseios e partilhas impulsionadas, tendo, eu própria, sugerido alguns tópicos de análise. Considero, no entanto, que poderia ser mais interventiva e participativa, porém, a escassez de tempo não me permitiu uma maior dedicação. De forma a atenuar um decréscimo na minha actividade online, cuidei de me actualizar face ao conteúdo das novas entradas no fórum, lendo as mensagens dos formandos, as notícias, balanços e esclarecimentos do formador José Carlos e de outros elementos envolvidos no processo. Como mencionei, o tempo não abundou, contudo, não deixei de cumprir os prazos definidos para a entrega das diferentes tarefas. Em suma, penso que cumpri, fazendo o que me foi humanamente possível, os objectivos da formação em linha. Provavelmente esperavam mais, todavia, a minha prestação espelha o que a azáfama deste ano trabalhoso me permitiu fazer.

Trabalho realizado por Sandra Patrícia Pereira    28/Junho/2010 

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Apreciação da sequência didáctica "Alerta Amarelo"

As sequências didácticas, como documento de planificação por excelência, devem ser objecto de reflexão em busca de uma maior viabilidade e funcionalidade deste processo.
 Apresento, como tal, uma apreciação pessoal da sequência Alerta Amarelo disponibilizada para análise e discussão. Mais acrescento que esta reflexão se versa sobre a sequência em si, não contemplando uma análise detalhada sobre o material facultado.
• Globalmente a sequência parece-me bem estruturada, tendo sido alvo de um trabalho pensado e ponderado em prol de um objectivo;
• Considero que o modelo apresentado é extremamente burocrático, complexificando um processo já moroso e que se pretende ver simplificado;
• Não me parece necessária a existência de uma folha de rosto, uma vez que o esquema apresentado poderá ser integrado na folha de apresentação;
• A Apresentação parece-me pertinente uma vez que permite uma visão global da sequência, contudo, deveriam ser apresentados os descritores de desempenho referentes às competências associadas dado que as mesmas são, também, alvo de trabalho explícito e intencional;
• A introdução do Tema Interdisciplinar afigura-se como bastante interessante, dando indicação para a sequência ser trabalhado nos Projectos Curriculares de Turma;
• A Abertura apresenta-se demasiadamente descritiva e não me parece que careça de espaço próprio, podendo ser já tratada como a primeira etapa. Deveria apresentar-se a justificação para a selecção do tema e seria positivo que se estabelecesse, na contextualização, a ligação com a sequência anterior. O tempo previsto não será suficiente para todo o trabalho apontado;
• Na grelha de Abertura dispensa-se a existência das colunas destinadas à divulgação da metodologia de trabalho, uma vez que a mesma é apresentada aquando da contextualização, e do tempo, visto que o mesmo poderia ser referido no cabeçalho da grelha;
• Na fase de Desenvolvimento parece-me que os componentes da grelha estão de acordo com as linhas estruturantes do PPEB, porém, são visíveis algumas incorrecções que passo a elencar:
- a nomenclatura não é a mais correcta (onde se lê “competência de processo”, dever-se-ia ler “competência associada”, dado que tanto estas como a foco são de processo);
- a coluna referente à competência foco poderia ser eliminada, passando esta informação a constar no cabeçalho da grelha;
- na coluna dos Resultados, os mesmos são confundidos com actividades. Esta coluna deveria ser integrada na grelha, mas com o objectivo de apresentar os resultados esperados, aparecendo, como tal, como a última coluna, permitindo o controlo dos desempenhos;
- Os conhecimentos prévios são importantíssimos para o tratamento de uma sequência, uma vez que esta os deve ter por base, apoiando a aprendizagem naquilo que o aluno já sabe e já é capaz de fazer;
- Retiraria, no entanto, a coluna referente aos conhecimentos prévios, mencionando-os na apresentação da sequência;
• A relação entre as competências associadas e a competência foco não é equilibrada, uma vez que a competência foco (que deveria ser a privilegiada) é a menos trabalhada, sendo-lhe dedicados apenas quarenta e cinco minutos num total de duas semanas de sequência. Em termos avaliativos, prevê-se que apenas o porta-voz do grupo seja avaliado nesta competência;
• Devido à parca incidência na competência foco, não é visível o progresso do aluno nos descritores de desempenho associados;
• A competência foco não prevê situações de treino;
• Os descritores de desempenho e os conteúdos associados foram seleccionados com algum critério, no entanto, aparecem mencionados descritores que depois não são solicitados nas propostas anunciadas;
• As actividades são bastante interessantes, diversificadas e motivadoras, passíveis de desencadear experiências significativas, contudo, na sua concepção não é usada a estrutura apresentada nos GIP, não incorporando o guião inicial da actividade;
• Pareceu-me que houve preocupação e brio na selecção e produção dos materiais e recursos, porém, alguns poderiam ser alvo de pequenas reformulações;
• A avaliação não me parece claramente expressa;
• O tempo previsto para a actividade parece-me correcto, uma vez que será trabalhado em articulação com outras áreas do saber.

Trabalho realizado por Sandra Patrícia Pereira   02/Junho/2010

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Reflexão sobre o quarto módulo de formação

Chegado o mês de Maio as expectativas começaram a avolumar-se. Mais um módulo de formação, desta feita encarado com mais naturalidade, talvez por uma serenidade que nos foi facultada pela maior familiaridade com o contexto, os intervenientes e as finalidades. Seria o último encontro de um grupo de trabalho que, ao longo desta caminhada, foi partilhando dúvidas, angústias, vitórias e alguns progressos.
 Sabíamos de antemão, uma vez que os documentos de suporte haviam sido facultados previamente, que este módulo seria um momento de sistematização, de (re)incursão na competência da escrita e de clarificação de conceitos e procedimentos subjacentes à planificação, operacionalização e avaliação de sequências didácticas. Parece-me que esta opção dos formadores se deveu, essencialmente, à complexidade associada à escrita, dependente da necessidade de invocar múltiplas competências e variados mecanismos cognitivos e às visíveis dúvidas, receios e anseios manifestados pela maioria dos formandos na definição de sequências didácticas.

Escrita

                                                                                                       “É preciso sofrer para o leitor ter prazer.”
                                                                                                                                     José Cardoso Pires

Deu-se início aos trabalhos com a visualização e análise de uma entrevista de Mário Crespo a António Lobo Antunes. Considerei a metodologia bastante interessante e profícua uma vez que fomos brindados com “pedacinhos” do mundo complexo e ficcionado do escritor. Permitiu-nos acercar das motivações, receios e preocupações de uma figura cujos ideais e convicções se aproximam das orientações veiculadas pelo Guião de Implementação da Escrita. Foi possível reflectirmos sobre o acto da escrita, valorizar a sua complexidade e compreender que, se não for devidamente acompanhado, poderá postular-se como processo assustadoramente solitário. Compreendemos que, associado à dificuldade de fazer com que o leitor se aperceba das emoções do escritor através das palavras, encontramos um entrave muito maior que é o processo de revisão. Assim, apreendemos que um aperfeiçoamento que pode ser extremamente penoso para um escritor de renome, sê-lo-á muito mais para os nossos alunos.
Imbuídos na dinâmica reflexiva da metodologia, passámos para uma etapa em que nos foram apresentadas algumas orientações sobre a evolução das teorias relacionadas com esta competência. Se durante a década de 70 se pensava que a escrita era resultado de um dom que se desenvolvia por uma transferência automática da leitura e do estudo formal da gramática; os novos pensadores, afirmam que a aprendizagem da escrita, sendo um dos processos mais complexos de aquisição de competências, acompanha a vida do indivíduo, num aprendizado definitivamente inacabado. Se, anteriormente, persistia a crença de que existia uma idade ou um nível curricular em que já se devia ter aprendido a escrever; hoje acredita-se que cada sujeito tem o seu ritmo, os seus conhecimentos, a sua identidade, o seu background. Se a iniciação à redacção de textos consistia na leitura seguida de tarefas de cópia e de ditado; actualmente, considera-se que, antes de escrever, o aluno tem que trabalhar mecanismos que lhe permitam transformar o seu discurso interior, de modo a que consiga minimizar a discrepância entre a emoção e aquilo que dela se consegue traduzir em palavras. Não mais o professor deve assumir a postura de juiz que avalia o produto, sendo-lhe, presentemente, atribuído o papel fundamental de regulador e orientador incumbido de auxiliar os seus alunos a ultrapassar, com mestria, a exigência de um trabalho de escrita.
Como o próprio nome deixa adivinhar, o processo de escrita traduz-se num longo e tortuoso caminho a seguir para atingir uma meta que será, a seu tempo, o início de um novo percurso. Cada produto final figurará como uma gloriosa derrota que confronta o autor com a necessidade utópica de eliminar a distância entre o imperfeito e o ideal. Contrapondo a afirmação anterior, Zoellner considera que os professores “não estão muito interessados naquilo que o aluno está a escrever; estão é muitíssimo interessados naquilo que ele já escreveu”, permanecendo a tónica no produto. O professor continua a ser o centro da revisão e correcção, adoptando comportamentos que levam a que o aluno não interiorize o erro, não prevendo nem fomentando um trabalho sistemático no sentido de o ultrapassar. Bem sei que a escrita é uma forma socialmente valorizada pelas suas potencialidades, impondo-se como uma referência normativa, contudo é fundamental que se criem condições para que os alunos tenham oportunidade de desbloquear processos e procedimentos antes de os ceifar com a normatividade. Com certeza que não poderemos subvalorizar o erro, porém, é essencial que se aprenda a trabalhar com os hábitos dos alunos, acompanhando-os na construção do significado do seu texto, partindo, posteriormente, para o cuidado com a expressão linguística. Numa primeira fase poderemos despertar a criatividade, a capacidade para “saber o que se quer escrever” para, depois, nos focarmos na forma. Postula-se como crucial flexibilizar a norma, atendendo ao estilo pessoal de composição de cada aluno e não ao texto que o professor gostaria de ver escrito. Como vem sido referido, o papel do professor é decisivo. É fundamental que compreendamos que a escrita é uma tarefa iminentemente prática, onde o aluno aprende a escrever, escrevendo; guiado num processo de composição que deve aparecer contextualizado e subordinado a preceitos significativos que permitam desenvolver, adquirir e generalizar regras, normas e procedimentos.
Instrumento de apoio, por excelência, é o Guião de Implementação da Escrita onde podemos conhecer, analisar e avaliar algumas propostas de actividades concebidas segundo as orientações veiculadas pelo novo programa. Reflectir sobre as mesmas poderá permitir uma (re)contextualização das nossas práticas, promovendo uma viragem de página num método que até então nos parecia correcto e que, após o confronto com novas perspectivas ou orientações, se afigura, no meu caso particular, como algo limitador, inibidor e comprometedor do sucesso no desenvolvimento da competência compositiva nos alunos. Como supramencionado, é necessário que o professor seja capaz de aproximar o texto da realidade, demonstrando a sua utilidade e dando-lhe um sentido próprio, repudiando a ideia de que basta escrever para o aprender a fazer.
Acompanhamento é uma das palavras de ordem na nova pedagogia. Não podemos abandonar o aluno perante a folha em branco. Todo o processo de escrita deve ser delineado de modo a que no momento da planificação o autor possua já alguns conhecimentos e tenha tido a oportunidade de formar uma opinião sobre um determinado assunto. A verbalização afigura-se como uma estratégia de pertinência inegável, uma vez que permite ao aluno transformar em palavras os seus sentimentos e pensamentos, confrontando-os com os dos colegas e fazendo com que a imaginação brote a cada contributo. Escrita processual, escrita colaborativa e revisão são, actualmente, as jóias da coroa da competência compositiva.
Acredito que parte da minha actuação se coaduna com o novo texto programático, contudo, começo já a introduzir algumas alterações promovidas pela presente formação, que, paulatinamente, vão dando os seus frutos. Escrevo e tenho bloqueios mentais, por vezes, não sei como transpor para o papel o que me vai na alma e que parece que as palavras não conseguirão traduzir. Experimento as dificuldades dos meus alunos, ensaio soluções, partilho inquietações. Tento transmitir nas aulas que a escrita é um processo extremamente esgotante quer ao nível do intelecto, quer no que ao físico respeita. Repito que para escrever precisamos de 20% de sabedoria e 80% de suor, persisto na ideia de que cada proposta de escrita tem uma finalidade e que cada texto tem por objectivo último ser lido. Tento, dentro do possível, que o aluno se veja como o primeiro leitor do seu texto e que, com as suas capacidades, as opiniões dos colegas e a minha orientação consiga identificar as diferenças entre o texto pretendido e o texto conseguido. Apercebo-me, todavia que, frequentemente, quando trabalhava a revisão, esta tinha como objecto o texto acabado, relegando a revisão do processo para segundo plano. Agora, começo a aventurar-me na dificuldade de rever planos, rascunhos, planos já aperfeiçoados, tentando que os alunos se impliquem na revisão e desencadeiem uma reflexão crítica que permita a sistematização e generalização dos procedimentos implicados. Esta estratégia encontra-se ainda em estado embrionário e, como tal, apenas revi textos colectivamente. Escolho, normalmente, os dois melhores e os piores exemplares, de modo a que, no aperfeiçoamento, os alunos percebam o que conseguem fazer e o que seria expectável que fizessem. Verifico que os alunos vêem as correcções propostas pelos colegas de forma mais positiva do que quando apresentadas por mim, revendo-se nos argumentos e nas sugestões dos companheiros de brincadeira e de estudo. Em suma, ler o que os colegas escreveram, explicar as impressões pessoais causadas por esses textos e ouvir as opiniões dos outros sobre os seus próprios textos são actividades importantes da aula de escrita. Durante os meus parcos anos de experiência, sentia perfeitamente a relutância dos alunos em aperfeiçoarem o seu texto, considerando-o como um processo já terminado e como a melhor versão do seu trabalho. Colocando o enfoque no processo, é perceptível uma maior disponibilidade dos alunos para a reformulação uma vez que encaram o trabalho a aperfeiçoar como uma fase prévia, um esboço do que será o produto final. Percebi, com este módulo de formação que, possivelmente, devo ter gerado algumas frustrações e desilusões nos alunos com os meus “retoques” inflexível e impiedosos que deixavam a folha pintada de vermelho com os códigos de correcção que, em última estância, assassinavam o texto e as expectativas do aluno.
Pertinente é também que o professor seja capaz de flexibilizar o cenário pedagógico criando um ambiente em que os alunos trabalhem na escrita e aprendam a escrever. Segundo Sousa Lima, “a dinamização da oficina de escrita é onde se materializa da forma mais perfeita e acabada todo o trabalho ligado à perspectiva da escrita processual”, sendo profícuo utilizar tudo o que a sociedade letrada nos faculta, estabelecendo uma relação cada vez mais aberta e funcional com as bibliotecas, os centros de recursos, o teatro, o cinema e as restantes expressões artísticas. Laboratórios de escrita ou oficinas da escrita, devem ter por base as três fases dessa competência, assim como a importância do fornecimento ao aluno de indicações precisas e materiais de apoio representativos. Durante a fase de planificação poder-se-á definir o objectivo de comunicação e o tipo de texto, promover-se o levantamento de ideias e potenciar a produção do plano. No momento da primeira textualização poder-se-á disponibilizar material de apoio à escrita, como listas de palavras, expressões, textos...; assim como será proveitoso o apoio na produção textual, colaborando na selecção de vocabulário; na construção frásica, na organização de ideias e na articulação com o plano previamente definido. A revisão continua a ser, para mim, a etapa mais complexa uma vez são poucas as propostas de actividade que lhe atribuem dimensão significativa. As oficinas de escritas favorecem, igualmente, o alargamento dos espaços de escrita, promovendo cenários diferenciados e variados que potencializarão a criatividade e a “vontade de dizer” dos alunos. Por último, mas não menos importante, deverão ser criados contornos que possibilitem a divulgação dos escritos, nomeadamente blogues, jornais de turma e de escola como forma de valorizar as produções dos alunos.

Sequências Didácticas (SD)

 Após as considerações, os trabalhos e as reflexões sobre a competência da Escrita, passámos à clarificação de conceitos no que concerne às Sequências Didácticas. Tal (re)incursão nesta matéria justifica-se pelas dúvidas levantadas após o terceiro módulo de formação, assim como pela alteração de alguns conceitos resultante da constante reflexão sobre as propostas emanadas pelos autores do programa. Tentou-se, com este aperfeiçoamento, revestir as sequências didácticas de maior viabilidade, consagrando-as como o documento, por excelência, que permite a planificação e a operacionalização do programa.
 Confesso que, quando o assunto foi abordado pela primeira vez, me pareceu que tal tarefa seria pouco exequível, contudo, clarificados os conceitos e reponderado o processo de elaboração, encarei com mais ânimo esta missão que, não obstante do investimento que nos requer, se impõe como profícua e capaz de regular e contextualizar as boas práticas. O desenvolvimento integrado das diferentes competências, privilegiando um trabalho estruturado e estruturante de cada competência específica, em contextos pedagógicos capazes de desencadear experiências significativas passíveis de desenvolver as competências, são algumas das vantagens de uma metodologia de trabalho que, numa fase inicial poderá ser muito exigente e extenuante, mas que posteriormente permitirá um trabalho mais proficiente e orientado. Parece-me que será indispensável uma maior colaboração e partilha entre pares, promovendo a criação de bancos de recursos potencialmente significativos e motivadores, capazes de favorecer uma aprendizagem significativa no tratamento dos diversos descritores de desempenho, em prol do cumprimento dos resultados esperados e do desenvolvimento das competências gerais e específicas.
As sequências didácticas impor-se-ão como um conjunto de actividades de ensino e de aprendizagem organizadas a partir dos conhecimentos prévios dos alunos, sendo estes o factor que mais influencia o sucesso na aprendizagem. A avaliação deverá considerar o processo (processual) e o produto, sendo igualmente revestida de cariz formativo e sumativo, assente nos descritores que explicitam o desempenho dos alunos.
 Pensar uma sequência didáctica implica a necessidade de definir uma competência foco que será seleccionada e privilegiada em função dos resultados esperados que se pretendem alcançar. Ser-lhe-ão associadas outras competências que a auxiliam de forma articulada. Estas devem ser alvo de ensino explícito e intencional e definidas de acordo com os descritores de desempenho sobre os quais se pretende actuar. Não mais se poderá planificar atendendo aos conteúdos, uma vez que, com as novas orientações, eles são meros activadores de competências, devendo estar o trabalho centrado nos descritores que nos possibilitarão avaliar a qualidade do desempenho dos alunos. Assim, a sequência, articulando descritores, conteúdos e actividades, surgirá organizada por etapas (actividade ou conjunto de actividades) em que se desenvolve trabalho explícito sobre um ou mais descritores de desempenho de uma competência, funcionando como uma base sólida de conhecimentos declarativos e procedimentais que apoiam as aprendizagens a promover nas etapas seguintes, favorecendo a progressão e complexificação. A divulgação e valorização dos produtos realizados pelos alunos deverão ser, também, um dos pressupostos da elaboração de uma sequência didáctica, revestindo-a de significação e pertinência em si mesma.
 Após o enquadramento teórico, foi proposta a análise, conjunta, da sequência didáctica “Alerta Amarelo”, considerando os elementos mais e menos conseguidos. Dos contributos dos diversos grupos foi possível conhecer opiniões divergentes e partilhar ideias e práticas. Apresentarei, em lugar oportuno (blogue), uma visão crítica sobre este material de estudo. A metodologia afigurou-se-me como enriquecedora, sendo que nos permitiu contactar com uma proposta acabada, cujas potencialidades poderíamos interiorizar e as falhas conseguiríamos identificar, minimizando as imperfeições.
 No seguimento do trabalho supracitado, foi-nos solicitado que revíssemos a sequência didáctica concebida aquando do terceiro módulo de formação, apresentando um recurso que nela fosse evocado. A tarefa foi encarada com entusiasmo, contudo, depressa se percebeu que se afigurava mais complicada a reformulação do que a criação de raiz, até porque as novas concepções apresentadas neste módulo permitiam que fosse feito um trabalho mais estruturado das diferentes competências. Como se tornou apanágio, do trabalho referido resultou a apresentação em plenário seguida dos comentários, sugestões e pequenas considerações. Mais um momento de interacção e de partilha que facultou a distribuição do material elaborado na sessão a todos os que nela participaram, permitindo, desde logo, uma colectânea de propostas passíveis de experimentação, avaliação e reflexão.
 Parece-me que, mais uma vez, esta sessão nos veio alertar para as diferenças existentes entre o programa vigente e o que estamos a estudar, que não sendo divergências que potencializem uma ruptura, favorecem progressos e o trabalho centrado no aluno, nos descritores de desempenho e nos resultados esperados, perseguindo uma complexificação e progressão sustentada que permita ao aluno mobilizar conhecimentos e competências. São alterações que, em parte, eu já vinha impondo nas minhas aulas, mas que necessitava de ver clarificadas e reconhecidas. Parece-me que muito do que agora se apresenta já vinha a ser aplicado, contudo, não o era de forma sistemática, nem era visto com uma prática a privilegiar, mas como uma tentativa de ser inovador. Aos que ainda não faziam, comecem a fazer; aos que já se haviam aventurado, invistam mais!
 É inegável que o conhecimento está em constante evolução e mutação e, como tal, a minha curiosidade é espicaçada a cada módulo de formação. Pouco ou muito, há sempre algo que levo das sessões e que experimento nas aulas, embora saiba que ainda não estamos em momento de implementação, porém, esta fase de experimentação parece-me legitimar tal atitude. São propostas aliciantes e que, de facto, são significativas, motivadoras e com potencialidades confirmadas, no entanto, operacionalizar todo um programa em que as sequências didácticas e as oficinas são rainhas, poderá ser inviabilizado por questões de tempo. Acredito que essa gestão se irá aperfeiçoar através da experimentação, da reflexão e da reformulação.

Trabalho realizado por Sandra Patrícia Pereira      18/Junho/2010

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O dia da morte de Saramago

«Todos os dias têm a sua história, um só minuto levaria anos a contar, o mínimo gesto, o descasque miudinho duma palavra, duma sílaba, dum som, para já não falar dos pensamentos, que é coisa de muito estofo, pensar no que se pensa, ou pensou, ou está pensando, e que pensamento é esse que pensa o outro pensamento, não acabaríamos nunca mais».
                                                                                                                                               José Saramago
E, também ele, não acabará jamais…
Separou-se a alma do corpo, contudo, nunca se desligará o nome do génio.
Como homenagem e em nome de todos os que amam Saramago, faço minhas as palavras de Ana Sofia David:

Perdoem-me os que não gostam da sua escrita de um modo a que me atrevo a chamar de discurso directo livre.
Perdoem-me os que não gostam do seu estilo rebelde, crítico, por vezes quase cruel.
Perdoem-me os que não gostam de se perder nos sonhos de uma passarola,
na sua própria cegueira, nos anos em que morre um poeta.
Perdoem-me os que não acreditam em mudanças e ilhas desconhecidas.
Perdoem-me os que não acreditam em vontades humanas.
Perdoem-me os que não acreditam que a língua é livre quando a literatura é sublime.

Abracem-me os que um dia voaram além do Terreiro do Paço.
Abracem-me os que ouvem música só de ouvir o nome "Blimunda".
Abracem-me os que gritaram comigo "Dá-lhe um barco!".
Abracem-me os que acreditam em alegorias e cavernas.
Abracem-me os que gostariam de entender a imensidão da escrita deste homem.

Que fiquem as horas entre livros no Galveias,
Que fiquem as lutas e conquistas,
Que fiquem as suas palavras e ditos do povo,
Que se façam honras a quem as merece.
                                                                                                        DAVID, Ana Sofia, In http://freezone.pt/

23/Junho/2010

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Balanço das replicações III a VI

Na Escola Básica e Secundária das Lajes do Pico, nos dias 25 de Fevereiro, 4 e 11 de Março e 14 de Junho, realizámos as seguintes sessões de replicação, de duas horas cada: terceira - As Competências da Compreensão do Oral e Expressão Oral; quarta – Anualização; quinta - A Competência Leitura; sexta - Os desafios da Escrita e consequente reflexão, Visualização e Concepção de uma Sequência Didáctica, tendo em conta o produto final - sendo que o acompanhamento continuava a ser feito a partir da disciplina na plataforma Moodle. À semelhança do que já havia acontecido para as duas anteriores, planificámos e preparámos previamente cada uma delas, estabelecendo os objectivos, a metodologia, os recursos e o plano de trabalho a seguir e a distribuir por cada um dos colegas participantes.
 Dos trinta e cinco docentes a nosso cargo, tivemos, em cada sessão, uma assiduidade acima dos 95%, destacando-se com 100% a colega do Núcleo de Educação Especial cujo interesse e empenho foram uma mais-valia para todo o grupo de trabalho.
 Para cada uma das sessões a metodologia foi idêntica – enquadramento teórico em PowerPoint, partilha de ideias e esclarecimento de dúvidas e trabalho prático em pequenos grupos, cuja composição já foi referida na primeira reflexão sobre o acompanhamento. Chegada à meta, podemos concluir que esta foi, sem dúvida, a metodologia adequada a este tipo de replicação uma vez que exigiu o conhecimento do Novo Programa e GIPs, gerou a reflexão e a partilha de experiências.
  Durante todas as sessões, os docentes partilharam experiências, dificuldades, angústias, dúvidas e algumas revoltas sobretudo no que concerne à sobrecarga de trabalho e escassez de tempo. Foi ainda tónica geral o interesse, empenho e entusiasmo de todos em todas as sessões, como provam os trabalhos elaborados e o tempo das sessões que ultrapassou sempre as duas horas previstas, por solicitação dos colegas – os professores trabalham muito e bem, pena é que poucos o reconheçam.
 Balanço geral: terminamos com a certeza do dever cumprido como, aliás, comprova a opinião dos docentes que connosco trabalharam e manifestada no questionário preenchido para o efeito, na última sessão: dos vinte e um presentes, a esmagadora maioria avaliou a Metodologia em 4, sendo a Monitoria igualmente avaliada em 4, por unanimidade.
  Os comentários finais apontam para a necessidade de se manterem encontros pontuais para troca de experiências e práticas, reconhecendo-se a qualidade deste tipo de acções, para o conhecimento efectivo de um programa, mais do que as simples alterações legais.
 Foram sessões trabalhosas e desgastantes em termos emocionais, mas com resultados acima do previsto. No que concerne à equipa de trabalho, houve sempre um entendimento total no delineamento das sessões e no momento da replicação.
Obs.: Os materiais elaborados e todos os trabalhos realizados pelos professores que foram alvo da replicação poderão ser consultados nos nossos portefólios.

Trabalho realizado por Noélia Machado e Sandra Patrícia Pereira  16/Junho/2010

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Trabalho de grupo: proposta de uma sequência didáctica (após 4º módulo)

Adaptação da sequência didáctica elaborada no decorrer do terceiro módulo. A reformulação teve por base as directrizes dadas no quarto módulo de formação.

Trabalho realizado por Sandra Patrícia Pereira e Susana Silveira       21/Maio/2010 

Proposta de sequência didáctica

 - Material elaborado para a sequência, apenas o tópico 6 "Ilha da Ciclópia" (aqui)  (entrem como visitantes)

Trabalho desenvolvidos pelos formandos no decorrer da replicação VI

No âmbito da sessão de replicação VI, solicitámos aos presentes a planificação de algumas sequências didáctica. Todo o trabalho ficou a cargo dos professores que participaram na sessão.

Grupo I
Grupo II
Grupo III
Grupo IV
Grupo V
Grupo VI

Replicação VI - Materiais

Materiais preparados, pelas formandas, para o acompanhamento na escola, tendo em vista a replicação do módulo VI.

Plano de trabalho
Escrita: powerpoint
Sequência Didáctica - powerpoint
Sequência - Carta (exemplo)
Sequência - Dramatização (exemplo)
Proposta de grelha de sequência

Trabalhos realizados por Sandra Patrícia Pereira e Noélia Machado    11/Junho/2010

(baseados no material disponibilizado pelos formadores)

Replicação V - Material

Materiais preparados, pelas formandas, para o acompanhamento na escola, tendo em vista a replicação do módulo V.


Plano de trabalho
Leitura: powerpoint
Texto de apoio
Ficha de análise de um livro do PRL

Trabalhos realizados por Sandra Patrícia Pereira e Noélia Machado                09/Março/2010

(baseados no material disponibilizado pelos formadores)