quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Oralidade e avaliação externa

 Quando me falaram em formação para a implementação dos novos Programas de Português pensei duas coisas: iniciativa de louvar, uma vez que os professores foram consultados aquando do aparecimento da primeira proposta e agora vão receber formação e orientação para que os objectivos preconizados no documento sejam do conhecimento de todos; uma “seca”, visto que estava à espera de me deparar com um texto utópico incapaz de se operacionalizar. Espanto o meu quando na formação, depois da fundamentação, contextualização e todo o trabalho apresentado, me deparei com a pertinência, premência e urgência de tal reformulação. Verifiquei que, tratando-se de um programa de continuidade, não estabelecia uma ruptura com o anterior, postulando-se como um “aperfeiçoador” do que estava para trás, do que se fazia bem e do que se fazia mal ou ainda não se fazia. Como já vários colegas referiram, apercebi-me da importância que é atribuída à competência da oralidade que se deseja trabalhada em articulação com as restantes, mas que também se pretende afirmar como um domínio com conteúdos bem definidos e delineados. Mais satisfeita fiquei, por ver reconhecido que as capacidades de compreensão e expressão oral são consideradas essenciais para a formação dos alunos enquanto cidadãos interventivos e reflexivos. Agora questiono-me: sendo a oralidade essencial à formação do indivíduo, se a distribuição do peso pelas diversas competências deve ser equilibrado (sabendo que a escrita trabalha procedimentos mais complexos e difíceis de sistematizar), como se explica que os exames nacionais não a considerem? Será que este facto não justifica, em parte, a discrepância entre os resultados internos e externos? Sendo que estes elementos de avaliação têm uma influência considerável no prosseguimento de estudos, como se justifica que uma das competências não seja contemplada? Será que a dificuldade em avaliar a oralidade é apenas uma lacuna dos professores do básico ou atormenta-nos a todos? Se deve ser trabalhada integrada, mas também por si só, não deveria ser mais valorizada nestes momentos? Não será “deixada para trás” em prol de outras que efectivamente serão formalmente avaliadas?

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